Copom: apetite por risco tende a aumentar na bolsa após decisão (Germano Lüders/Exame)
Tais Laporta
Publicado em 1 de agosto de 2019 às 07h00.
Última atualização em 1 de agosto de 2019 às 07h03.
O novo ciclo de cortes de juros no Brasil deve favorecer a bolsa brasileira no pregão desta quinta-feira (31). O maior índice da B3 caiu mais de 1%, puxado pela mensagem contraditória do Federal Reserve (BC dos EUA) na véspera. O órgão não deixou claro se a redução das taxas foi pontual, embora os investidores já tivessem precificado cortes contínuos.
Na última sessão, o dólar e o Ibovespa oscilaram em direções opostas após o Fed cortar os juros e gerar interpretações confusas no mercado. Já o Copom foi mais direto ao reduzir a Selic em 0,5 ponto percentual, para 6% ao ano e sugerir uma continuidade nesse ritmo.
“A tendência é que a bolsa tenha uma reação positiva, já que o BC cedeu à pressão do mercado”, avalia o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira. Por esse motivo, ele confia que o Ibovespa pode descolar do movimento no exterior ao menos no curto prazo.
O economista não descarta mais volatilidade do dólar diante da incerteza gerada pelo Fed, mas reforça que o apetite maior por risco no mercado brasileiro pode equilibrar as incertezas do cenário externo. “Poderíamos ter uma bolsa bombando nesta quinta se o Fed tivesse sido mais claro”, diz Vieira.
Assista ao Direto da Bolsa de terça-feira (31):
O economista-chefe da Necton, André Perfeito, escreveu em nota que o corte da Selic para 6% ao ano trará efeitos benignos para os preços dos ativos, especialmente a bolsa e os títulos públicos, mas nem tanto para a economia.
Já o diferencial entre os juros nos EUA e no Brasil pode mexer com a taxa de câmbio no Brasil, tornando o real menos atrativo frente ao dólar, acrescentou Perfeito. “Isso irá trazer certo nervosismo ao mercado de divisas nos próximos dias”.
O dólar, que chegou a recuar mais de 1% frente ao real durante o anúncio, reduziu as perdas e passou a subir por volta das 16h, após a fala do presidente do Fed, Jerome Powell, que lançou um balde de água fria sobre as apostas de novos cortes no futuro. A moeda dos EUA fechou na maior cotação desde o início do mês, negociada a R$ 3,8173, em alta de 0,69%. Na mínima do dia, chegou a operar a R$ 3,7497.
No mês de julho, o dólar terminou em queda de 0,61%. No ano, acumula uma desvalorização de 1,48% frente ao real.
Já a bolsa brasileira chegou a reduzir as perdas, mas logo voltou a cair. O Ibovespa caiu 1,09%, aos 101.812 pontos, empurrada pelas perdas da Vale e dos principais bancos e em linha com a baixa nas bolsas americanas. Na mínima, chegou a 101.776 pontos.
O principal índice de ações da B3 avançou 0,83% no mês de julho, e acumula ganho de 15,8% no ano.