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Após compra da Tupi, braço de mobilidade elétrica da WEG mira expansão no exterior

Foco é a Europa, mercado maduro em recarga de veículos; segmento "cresce mais que o dobro da WEG em termos percentuais", afirma executivo

WEMOB: estações de recarga de veículos elétricos da WEG (Divulgação)

WEMOB: estações de recarga de veículos elétricos da WEG (Divulgação)

Mitchel Diniz
Mitchel Diniz

Editor de Invest

Publicado em 20 de outubro de 2025 às 12h48.

Com a aquisição do controle da Tupinambá Energia, operação anunciada na semana passada, a WEG (WEGE3) deve ampliar sua atuação em serviços dentro de mobilidade elétrica e levar uma plataforma que já atua em todo o Brasil para o exterior. A estratégia foi revelada à EXAME por Carlos José Bastos Grillo, diretor superintendente de Digital e Sistemas, um dos sete pilares da companhia.

"Temos estratégias para o que se move com o veículo e o que não se move com ele", explica Grillo. A compra da Tupinambá, no caso, contempla o que não está embarcado no automóvel — e é aí que entram as estações de recarga, um mercado que deve alcançar cifra próxima a US$ 8 bilhões em 2033.

A catarinense lançou seu próprio equipamento para abastecer veículos elétricos em 2019. O portfólio da WEMOB (WEG Electricity Mobility) tem soluções para residências e condomínios, estacionamentos públicos e privados, assim como para postos de recarga rápida. Além do Brasil, as estações já são comercializadas em 27 países. Hoje o exterior responde por 18% das compras.

Por que os veículos elétricos ainda não decolaram no Brasil? Estudo revela oito obstáculos

A Tupinambá, por sua vez, é dona da Tupi Mob, aplicativo com uma base de cerca de 370 mil usuários. Ele ajuda a identificar postos de recarga próximos, traça rotas até as estações e possibilita que o abastecimento e pagamento sejam feitos pelo próprio app.

"Mas a Tupi também está na outra ponta, fazendo o papel de suporte para o operador do ponto de recarga, o dono do posto", diz Grillo.

A estação de recarga, explica o executivo, é um produto smart, que passa por atualizações tal qual uma smarTV e um smartphone, à medida que a frota de veículos elétricos, com diferentes configurações de abastecimento, vai se expandindo. Por outro lado, a necessidade constante de updates resulta em um alto número de recargas mal sucedidas. Nos Estados Unidos, duas em cada dez recargas falham, aponta um levantamento da consultoria JD Power. 

"Todo o serviço para garantir que as estações de recarga estejam sempre atualizadas e operantes é um trabalho que a Tupi faz. E de forma agnóstica, para todas as marcas. Afinal, é um equipamento sujeito a uso público", afirma Grillo.

A aquisição da Tupi, logo, tem um papel estratégico no atendimento a operadores de sistema de recarga. A WEG é conhecida por verticalizar os negócios onde atua e prestar assistência técnica a esses equipamentos é uma de suas estratégias. Não à toa, a empresa abriu um grande centro de assistência técnica em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, o eMobility Center. No espaço, os clientes da empresa vão encontrar suporte não só para estações de abastecimento, como para baterias e outros componentes da "jornada de mobilidade elétrica".

De olho no mercado europeu

A WEG tem ambição de levar os serviços prestados pela Tupi para fora do Brasil. O primeiro movimento, segundo Grillo, será em Portugal, onde a companhia inaugurou um parque fabril há pouco mais de um ano. Em breve, as estações de recarga WEMOB também serão fabricadas por lá.

"A Europa é um mercado maduro de recarga de veículos e isso para nós tem uma importância adicional. [...] A legislação por lá já foi se moldando para facilitar a vida do usuário", diz o executivo. A companhia não revela o número de operadores que a Tupi tem acesso no Brasil, mas diz que há clientes em todo o Brasil, sobretudo nas grandes cidades.

As estações de recarga de veículos elétricos da WEG ficam dentro do pilar de Digital e Sistemas da companhia. Os números dessa divisão não são públicos. Grillo reconhece que WEMOB ainda é "um negócio pequeno frente ao todo" de uma companhia que faturou cerca de R$ 38 bilhões em 2024. Mas, em termos percentuais, é um dos segmentos que mais crescem dentro da empresa.

"Ele cresce mais que o dobro da WEG em termos percentuais", afirma o executivo

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