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Após bater recorde nos cinemas, Disney quer chegar às telinhas

Empresa vai lançar pacote com as plataformas Disney+, Hulu e ESPN+ por US$ 12,99. Apesar do prognóstico positivo, resultado veio abaixo do esperado

Frozen 2: expectativa é que o lançamento do filme infantil bata novos recordes (Divulgação/Divulgação)

Frozen 2: expectativa é que o lançamento do filme infantil bata novos recordes (Divulgação/Divulgação)

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Natália Flach

Publicado em 6 de agosto de 2019 às 23h50.

Última atualização em 26 de agosto de 2019 às 17h34.

São Paulo - Não foi desta vez que a Disney cantou a música tema de Frozen, "Let it go", para os custos de integração com a 21 Century Fox. Aprovada em março, a compra da divisão de entretenimento da Fox por US$ 71 bilhões ainda pesa no balanço da companhia. Tanto é que o lucro por ação da Disney despencou 59%, de US$ 1,95 para US$ 0,79, no trimestre encerrado em junho, congelando as expectativas dos investidores que ansiavam por resultados melhores.

Como o mercado costuma se antecipar aos fatos, cerca de 30 minutos antes do fim do pregão em Nova York, as ações da Disney deram uma guinada e subiram 2,57% à espera do balanço, que foi divulgado logo após a sessão da terça-feira (6). Mas o encanto durou pouco. Com queda de 51% do lucro, os investidores deram ordem de venda para os papéis, que chegaram a cair 5% no after market (depois do fim pregão).

"O mercado esperava um recuo de US$ 0,35 no lucro por ação (em linha com o que havia sido projetado pela própria Disney), não de US$ 0,60", explica André Kim, sócio e analista de investimentos da Geo Capital. "Além disso, por causa do aumento do preço dos ingressos dos parques do complexo, houve queda no número de visitantes, apesar de o gasto médio por cliente ter aumentado 10%."

Para Robert Iger, presidente da Disney, um dos maiores problemas que a Disney enfrentou neste trimestre, em termos de ganhos, "foi o desempenho do estúdio Fox, que ficou bem abaixo do patamar que já esteve e bem abaixo de onde esperávamos que fosse estar quando fizemos a aquisição", admitiu Iger, durante teleconferência com analistas.

Mesmo assim, os prognósticos para a Disney são bons. O motivo é a plataforma de streaming Disney+, que será lançada em 12 de novembro e contará a princípio com 300 filmes e 7.500 programas da TV Disney no catálogo. A ideia é que custe US$ 6,99, e chegue a algo entre 60 milhões e 90 milhões de assinantes até 2024.

Além disso, a companhia vai oferecer um pacote contendo Disney+, Hulu (voltado para crianças) e ESPN+ (de esportes) por US$ 12,99. "Este é o principal lançamento da Disney desde que assumi a presidência em 2005", afirmou Iger, referindo-se à Disney+. Não é para menos que Iger deve se encontrar pessoalmente com investidores para apresentar a nova plataforma.

"Nada é mais importante para nós do que acertar isso", disse. "Os serviços são como três pernas do banquinho na estratégia de streaming da Disney."

A fala do Iger parece que foi suficiente para acalmar os ânimos dos investidores. Tanto é que, ao fim da call com analistas, as ações, que até então negociavam em queda de 5%, passaram para a casa dos 2,5% negativos. No ano, as ações têm alta de 29,4%, impulsionada especialmente pelo dia da estreia do mais recente filme da franquia de Os Vingadores.

Além da plataforma de conteúdo, a Disney tem programado o lançamento de filmes que devem lotar as salas de cinema, como o desenho animado Frozen 2. A bilheteria é uma fonte de receita importante para a empresa. No trimestre encerrado em junho, a companhia alcançou patamar recorde ao bater US$ 8 bilhões com ingressos no ano, graças às franquias da Marvel, Pixar e Disney.

"A nossa tese é de que a Disney continua sólida. O investidor está olhando para o desempenho no curtíssimo prazo, mas nós olhamos para o longo prazo", acrescenta Kim.

A dúvida que fica é se os concorrentes que oferecem serviços de streaming, como Netflix, Apple e Amazon, vão contra-atacar ou ficarão congelados na neve, cantando "Let it go".

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