Onconclínicas: companhia afirma estudar aumento de capital (Sean Anthony Eddy/Getty Images)
Repórter de finanças
Publicado em 15 de agosto de 2025 às 11h42.
Última atualização em 15 de agosto de 2025 às 11h42.
Em meio aos fracos números que decepcionaram o mercado, a Oncoclínicas (ONCO3) confirmou que estuda alternativas para aprimorar sua estrutura de capital, incluindo a opção de um aumento de capital.
Entretanto, a companhia destaca que, até o presente momento, não houve qualquer aprovação pelos órgãos da administração, celebração de documentos vinculantes, nem qualquer definição de quais seriam os termos e condições do potencial aumento de capital.
“Portanto, não há qualquer garantia de que o potencial aumento de capital será aprovado e/ou consumado”, informam em fato relevante.
A resposta foi dada a uma reportagem, ontem, do colunista de O Globo, Lauro Jardim. O jornalista noticiou que o conselho de administração da empresa aprovou, na quarta-feira, 13, um aumento de capital de R$ 1,5 bilhão, que poderá ser composto por dinheiro e, na maior parte, por conversão de dívida. Daniel Vorcaro, dono de 16% da Oncolínicas, seria diluído nessa operação.
No balanço do segundo trimestre de 2025, a Oncoclínicas reportou que sua receita líquida caiu 6,5% na comparação anual, para R$ 1,46 bilhão, 9% abaixo da projeção do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame).
Excluindo despesas com opções de ações, o EBITDA ficou 34% abaixo da estimativa, recuando 59% na comparação anual para R$ 121 milhões, implicando margem de 8,3%, mais de 10 pontos percentuais (p.p.) menor em relação ao ano anterior, prejudicada por pior alavancagem operacional e maiores Provisões para Devedores Duvidosos (PDDs).
Maiores despesas financeiras líquidas (+18% trimestre frente trimestre) também pesaram, com o prejuízo líquido chegando a R$ 142 milhões, ante estimativa de prejuízo de R$ 36 milhões do BTG Pactual.
A dívida líquida (incluindo passivos de M&A) aumentou “preocupantes” R$ 470 milhões entre abril e junho de 2025 frente ao mesmo período de 2024, para R$ 3,9 bilhões, elevando a alavancagem para 4,4x Dívida Líquida/EBITDA dos últimos 12 meses (versus 3,3 vezes no primeiro trimestre), ainda de acordo com o BTG.
“Com a persistência do consumo de caixa e do endividamento como preocupações, preferimos aguardar sinais mais claros de disciplina de capital antes de adotar uma visão mais construtiva sobre a tese de investimento da Oncoclínicas”, afirmam os analistas Samuel Alves e Maria Resende.
Segundo eles, o desempenho das ações deve continuar altamente correlacionado ao processo de desalavancagem da companhia, que ainda não se concretizou, como evidenciam os resultados do segundo trimestre de 2025.
Após trimestres recentes mais fracos do que o esperado, o BTG Pactual atualizou suas projeções oficiais com um novo preço-alvo para o final de 2026 de R$ 3 por ação, mantendo recomendação neutra.