WEG: companhia investirá R$ 160 mi para ampliar produção de motores elétricos no ES (Weg/Divulgação)
Repórter
Publicado em 1 de agosto de 2025 às 19h02.
A WEG anunciou nesta sexta-feira, 1º de agosto, que investirá aproximadamente R$ 160 milhões na verticalização e expansão da produção de motores elétricos em sua unidade de Linhares, no Espírito Santo.
De acordo com o comunicado da companhia, o projeto abrange, principalmente, a construção de um novo prédio industrial e a aquisição de equipamentos para a fabricação de fios, etapa essencial no processo produtivo de motores elétricos.
"A empresa reforça sua estratégia de verticalização, aumentando o controle sobre a cadeia produtiva e elevando a eficiência operacional", diz o texto.
A nova estrutura deve começar suas operações em 2027, com um plano de crescimento progressivo na capacidade de produção de fios, alinhado à expansão projetada para a fabricação de motores elétricos nos próximos anos.
O esperado tarifaço de Donald Trump acabou sendo mais moderado do que o antecipado pelo mercado, com uma ampla lista de produtos isentos, representando pelo menos 40% das exportações brasileiras para os Estados Unidos. No entanto, a WEG ficou de fora dessas isenções.
O imposto de 50% foi aplicado aos motores elétricos, que são fundamentais para a operação global da companhia. Além disso, Trump anunciou uma sobretaxa de 50% sobre diversos derivados de cobre importados pelos EUA, insumo que responde por até 15% do custo dos materiais da multinacional brasileira.
Essa dupla ofensiva deve gerar um impacto aproximado de R$ 2,3 bilhões para a WEG, o que equivale a 25% do EBITDA estimado para 2025, de acordo com cálculos do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME).
O banco estima que cerca de R$ 1,1 bilhão virá da perda de margem nas exportações de motores elétricos para o mercado americano, enquanto os outros R$ 1,2 bilhão serão decorrentes do aumento do custo com o cobre.
Apesar de já ter registrado uma queda de 8% desde 9 de julho, quando surgiram rumores sobre as tarifas, a WEG ainda pode enfrentar pressão adicional no curto prazo. "Vemos o anúncio como negativo e acreditamos que parte do risco já está precificado, mas não totalmente", afirmam os analistas Lucas Marquiori, Fernanda Recchia e Samuel Alkmim no relatório.
Apesar do impacto, a WEG tem alternativas para ajustar sua logística global e amenizar as consequências das medidas protecionistas. Entre as estratégias em andamento, destaca-se o redirecionamento das exportações para os Estados Unidos por meio das plantas no México e na Índia, enquanto as unidades brasileiras se concentram nos mercados latino-americanos e no mercado doméstico.
Outra abordagem adotada é o aproveitamento da capacidade ociosa das fábricas da Regal, adquiridas recentemente nos EUA. No entanto, essas fábricas possuem modelos de produção diferentes e ainda não estão operando a pleno vapor, o que pode levar algum tempo para se ajustar, de acordo com o BTG. A empresa também está considerando repassar parte dos aumentos de preços aos consumidores, mas enfrenta o risco de perder competitividade para concorrentes com maior presença local nos EUA, como a ABB.
Em relação ao cobre, embora a WEG tenha uma política de hedge para minimizar os efeitos da volatilidade de curto prazo, o banco observa que tarifas prolongadas podem obrigar a empresa a repassar os aumentos de custos para seus preços nesse segmento também.