Alta na sessão desta quinta foi insuficiente para reverter quedas da semana (Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 14 de novembro de 2019 às 18h30.
Última atualização em 14 de novembro de 2019 às 19h47.
A Bolsa voltou a reagir após dois pregões de baixas impulsionadas pelo clima politicamente tenso na América Latina. Nesta quinta-feira (14), véspera de feriado, o Ibovespa se valorizou 0,47% e fechou em 106.556,88 pontos. Mesmo assim, o índice não conseguiu se recuperar das perdas recentes, e fechou a semana em queda de 1%.
No Chile, onde a onda de protestos se intensificou nos últimos dias, o principal índice acionário teve alta de 1,96%, interrompendo a sequência de três quedas consecutivas. Apesar do maior otimismo sobre o mercado de ações, esta quinta foi mais um dia de turbulências no câmbio, com o peso chileno voltando a atingir mínimas recordes.
Por aqui, a moeda americana se valorizou mais 0,155% e encerrou sendo negociada a 4,193 reais – a segunda maior cotação da história. Por volta das 14h o dólar chegou a tocar 4,1957 reais.
Amanhã (15), devido ao feriado da Proclamação da República, não haverá negociações na Bolsa.
No último dia da temporada de balanços no Brasil, os resultados financeiros do terceiro trimestre ditaram o ritmo da Bolsa.
As ações da Via Varejo subiram 8,26% e lideraram as altas do Ibovespa. No começo do pregão, os papéis do grupo das marcas Casas Bahia e Ponto Frio chegaram a cair 4,27%, depois de a empresa divulgar prejuízo de 244 milhões de reais no terceiro trimestre – o triplo do registrado no mesmo período do ano passado.
A situação só foi se inverter pouco após a teleconferência do diretor-presidente da Via Varejo, Roberto Fulcherberguer. O executivo disse que as margens de lucro devem crescer nos próximos meses conforme os planos de melhora operacional passem a dar resultado
Em relatório, o analista do BB Investimentos Georgia Jorge afirmou que o resultado trimestral foi “fraco”, mas observou melhorias operacionais com a chegada da nova direção.
“Ainda há muito a ser feito até que a companhia volte toda sua força à corrida do e-commerce e retome o crescimento de suas lojas físicas. Contudo, vemos aspectos positivos, como esforços para reduzir os estoques e melhorias em termos logísticos”, escreveu.
Ontem (13), a Via Varejo esteve sob os holofotes após a Suno noticiar supostos esquemas de manipulação de resultados financeiros. Os papéis da companhia chegaram a cair 9,17%, mas a queda foi reduzida para 0,99%, após a empresa afirmar em fato relevante que está investigando o caso.
No geral, o setor de varejo teve bom desempenho na sessão desta quinta. As ações da Magazine Luiza subiram 4,12%, das Lojas Americanas, 1,61% e a e B2W, 4,27%. As empresas de vestuário também tiveram fortes valorizações, com os papéis das Lojas Renner, Marisa, Alpargatas e Guararapes subindo 4,89%, 5,65%, 4,37% e 3,1%, respectivamente.
Já a JBS viu seu preço cair na Bolsa, embora tenha apresentado resultado positivo, na visão de analistas. Com receita de 52 bilhões de reais no terceiro trimestre, a maior processadora de carne animal do mundo reverteu o prejuízo do mesmo período do ano passado e registrou lucro líquido de 356,7 milhões de reais.
“O resultado da JBS reflete o momento favorável para o setor proteínas no mercado global, com preços em patamares elevados e oferta de proteína abundante nos mercados produtores”, escreveu em relatório o estrategista de renda variável da Guide Investimentos, Luis Gustavo Pereira.
Nesta manhã, o portal de notícias judiciárias Jota noticiou que a JBS foi condenada pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) a pagar mais de 200 milhões de reais por irregularidades relacionadas à Operação Lava-Jato.
Além da JBS, sua concorrente Marfrig registrou queda na Bolsa, recuando 2,16%. Por outro lado, os papéis da BRF subiram 0,21% e os da Minerva, 1,62%.
A Vivara agradou os investidores em seu primeiro balanço financeiro desde seu IPO na Bolsa. A joalheria registrou lucro líquido ajustado de 43 milhões de reais no terceiro trimestre – 8,2% acima do mesmo período do ano passado – e viu suas ações subirem 3,8%.
Por outro lado, as ações da CVC tiveram mais um dia de baixa na Bolsa, acumulando queda de 8,6% no período. Os papéis da agência de turismo vêm sangrando desde quinta-feira passada (7), após a empresa admitir estar passando por um ano de “desafios”. Desde então, o ativo acumula desvalorização de 21,53%.
As ações ordinárias e preferenciais da Petrobras também tiveram uma semana ruim na Bolsa, recuando 3,73% e 3,14%, respectivamente. Os papéis vinham de fortes altas nas últimas semanas.