Os analistas do mercado de ações estão se provando os piores "stock-pickers" do mundo, ao não prever como a intervenção do governo na economia iria reduzir o crescimento e os lucros corporativos (Germano Lüders/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 10 de abril de 2013 às 09h05.
São Paulo - Os analistas do mercado de ações brasileiro estão se provando os piores "stock-pickers" do mundo, ao não prever como a intervenção do governo na economia iria reduzir o crescimento e os lucros corporativos.
Os papéis do Ibovespa estão sendo negociados 45 por cento abaixo dos níveis de preços que os analistas projetaram um ano atrás, a maior disparidade entre os 45 mercados que fazem parte índice MSCI All-Country World, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
A construtora Rossi Residencial SA e a Centrais Elétricas Brasileiras SA estão sendo negociadas até 85 por cento abaixo dos preços previstos pelos analistas do Itaú Unibanco Holding SA e do Barclays Plc.
O desaquecimento da economia se aprofundou no ano passado, confundindo analistas que previam que a menor taxa básica de juros da história e as medidas da presidente Dilma Rousseff de estímulo provocariam uma recuperação.
Em vez disso, os movimentos do governo, que incluem pressionar companhias elétricas para reduzir tarifas e bancos para diminuir margens de lucro, reduziram a confiança dos investidores e atrofiaram o crescimento, de acordo com Nicholas Cowley, gerente de investimentos na Henderson Global Investors Ltd.
“Os analistas estão sempre mais otimistas do que deveriam ser”, disse Cowley, que ajuda a supervisionar cerca de US$ 100 bilhões, em entrevista por telefone de Londres. “Eles sempre presumem a premissa de uma economia razoavelmente saudável, e, no Brasil, no momento, tivemos um monte de decepções. Há muita incerteza política com muita intervenção do governo.”