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Análise: Expectativa de corte de juros perde força às vésperas de decisão do Fed

Sinais mais fortes na economia dos EUA e expectativa de acordos nas tarifas reduziram apostas em alívio monetário; mas isso não tem reduzido o apetite por risco

A coletiva de Jerome Powell nesta quarta deve ser a melhor oportunidade recente para captar nuances sobre sua visão (Chip Somodevilla/Getty Images)

A coletiva de Jerome Powell nesta quarta deve ser a melhor oportunidade recente para captar nuances sobre sua visão (Chip Somodevilla/Getty Images)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 6 de maio de 2025 às 11h42.

Última atualização em 6 de maio de 2025 às 11h50.

Depois de um início turbulento em abril, o mercado acionário norte-americano voltou a andar em maio, com o S&P 500 praticamente recuperando as perdas provocadas pelas tarifas anunciadas há cinco semanas.

Mas, se antes as expectativas para uma recuperação nas bolsas estavam mais relacionadas à expectativa de cortes de juros do Federal Reserve (Fed) para amortecer uma eventual recessão, a reviravolta nas apostas sobre os próximos movimentos revela uma mudança mais silenciosa — e importante — no sentimento dos investidores.

A chance de um corte na taxa básica de juros na reunião de manhã já era considerada remota. Porém, até a semana passada, o mercado ainda projetava uma redução em junho e até quatro cortes de 0,25 ponto percentual ao longo do ano.

Agora, segundo o CME FedWatch Tool, a maior probabilidade é de que nada mude também no encontro do próximo mês, com 70% de chance de manutenção, e apenas três cortes sendo esperados até o fim de 2025.

O que está realmente em jogo é o estado da economia.

A percepção de investidores é que, embora o PIB do primeiro trimestre tenha registrado contração, o dado pode ter sido distorcido por fatores pontuais. Já o relatório de empregos divulgado na sexta-feira trouxe uma surpresa positiva, reforçando a percepção de que a economia ainda tem tração suficiente para justificar juros elevados.

Além disso, a expectativa de que Trump recue na maior parte das tarifas anunciadas — o mesmo sentimento que devolveu força às ações — também ajuda a reduzir a pressão por estímulos monetários.

A coletiva de Jerome Powell nesta quarta deve ser a melhor oportunidade recente para captar nuances sobre sua visão: ele sinalizará preocupação com uma possível desaceleração à frente ou reforçará o tom de 'cautela'?

Enquanto isso, o mercado parece disposto a seguir adiante sem cortes — e, por ora, isso tem sido suficiente para manter o apetite por risco.

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