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Americanas: relatório interno aponta detalhes da fraude e conselho demite 5 diretores 

Diretoria anterior da varejista buscou ocultar do conselho de administração e do mercado em geral a real situação de resultado e patrimonial, aponta investigação preliminar

Americanas está recuperação judicial desde a descoberta inicial do rombo (Leandro Fonseca/Exame)

Americanas está recuperação judicial desde a descoberta inicial do rombo (Leandro Fonseca/Exame)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 13 de junho de 2023 às 09h30.

Última atualização em 13 de junho de 2023 às 11h17.

As informações preliminares da investigação da Americanas (AMER3) apontaram que as demonstrações financeiras da empresa vinham sendo fraudadas pela diretoria anterior. O relatório teve como base documentos de achados do comitê independente contratado pela empresa. Assessores jurídicos da companhia e o conselho se reuniram ontem para apresentação do relatório de achados preliminares, informou a companhia em fato relevante na manhã desta terça-feira, 13.  

Os documentos que deram origem ao relatório demonstram ainda os esforços da diretoria anterior da Americanas para ocultar do conselho de administração e do mercado em geral a real situação de resultado e patrimonial. As investigações preliminares indicam a participação na fraude do ex-CEO Miguel Gutierrez, dos ex-diretores Anna Christina Ramos Saicali, José Timótheo de Barros e Márcio Cruz Meirelles, e dos ex-executivos Fábio da Silva Abrate, Flávia Carneiro e Marcelo da Silva Nunes 

Gutierrez já estava desligado da varejista desde o fim de 2022 e Thimoteo de Barros também já havia renunciado em fevereiro. Todos os outros estavam afastados desde o início das investigações em fevereiro e agora tiveram seu desligamento determinado pela atual administração da Americanas. “O Conselho de Administração orientou a companhia e os assessores a apresentar o Relatório a todas as autoridades competentes e avaliar as medidas visando ao ressarcimento dos danos causados pela fraude em suas demonstrações financeiras.” 

Como as fraudes aconteceram? 

Foram identificados diversos contratos de verba de propaganda cooperada e instrumentos similares, incentivos comerciais usualmente utilizados no setor de varejo, que teriam sido artificialmente criados para melhorar os resultados operacionais da Americanas como redutores de custo, mas sem efetiva contratação com fornecedores.  Essa verba de propaganda cooperada se trata de recursos destinados para ações de marketing para promover os produtos com os clientes das varejistas. 

Esses lançamentos, feitos durante um “significativo período”, atingiram, em números preliminares e não auditados, o saldo de R$21,7 bilhões em 30 de setembro de 2022. Contrapartidas contábeis desses contratos foram lançadas como redutores da conta de fornecedores, num valor de R$ 17,7 bilhões (números ainda não auditados).  

A diferença de R$4,0 bilhões teve como contrapartidas lançamentos contábeis em outras contas do ativo da Americanas. Além disso, para gerar o caixa necessário para a continuidade das operações, a diretoria anterior contratou uma série de financiamentos com bancos dos quais a companhia é devedora, sem as devidas aprovações societárias. Todas foram contabilizadas de forma inadequada, segundo o documento, no balanço de 30 de stembro de 2022 na conta de fornecedores, da seguinte forma: operações de financiamento de compras (risco sacado, forfait ou confirming) de R$18,4 bilhões e operações de financiamento de capital de giro de R$2,2 bilhões.  

Essa manobra, explica o documento, não permitiu a correta determinação do grau de endividamento da companhia ao longo do tempo. Também foram identificados lançamentos redutores da conta de fornecedores oriundos de juros sobre operações financeiras, que deveriam ter transitado pelo resultado da companhia, totalizando, em números preliminares e não auditados, o saldo de R$3,6 bilhões. 

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