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Americanas foi “fraude imprevisível” que não deve afetar risco sacado, diz Bradesco

CEO Octavio de Lazari diz que linha de negócio não foi reprecificada com efeito Americanas

Octavio de Lazari, CEO do Bradesco, afirma que caso foi "risco pontual" (Victor J. Blue/Bloomberg)

Octavio de Lazari, CEO do Bradesco, afirma que caso foi "risco pontual" (Victor J. Blue/Bloomberg)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 10 de fevereiro de 2023 às 11h44.

Última atualização em 10 de fevereiro de 2023 às 16h27.

Operação tradicional no varejo brasileiro, o chamado ‘risco sacado’ não deve sofrer mudanças de precificação por conta do efeito Americanas – ao menos dentro do Bradesco. Sem citar nomes, o CEO Octavio de Lazari defendeu que o “caso específico” não deve afetar a linha de negócio.

“É uma fraude, e portanto deve ser tratada como um risco pontual. A operação de risco sacado é feita há muito tempo em todas as organizações e todos os bancos. [É uma linha que] traz praticamente nada de inadimplência”, afirmou em coletiva com a imprensa nesta sexta-feira, 10, para comentar os resultados do banco.

A operação de risco sacado é uma modalidade de antecipação de recebíveis, onde as empresas usam financiamentos bancários para esticar o prazo de pagamento aos fornecedores. Foi justamente nesse tipo de operação que foram descobertas as inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões nos números da Americanas em janeiro deste ano.

O Bradesco é um dos maiores credores da varejista nessa linha de negócio, com uma dívida de R$ 4,8 bilhões. O montante foi 100% provisionado no balanço do quarto trimestre do banco e foi um dos fatores que derrubou o lucro do Bradesco em 76% na comparação anual.

O CEO explica que, depois do susto com a Americanas, o Bradesco revisou os riscos e procedimentos de governança da sua carteira de risco sacado e a conclusão foi de que a carteira é sadia e não deve ser avaliada negativamente por conta de um único caso.

“A precificação [das operações de risco sacado] acontece caso a caso. Não fizemos alteração de taxa de juros e spread por conta desse caso específico”, disse.

Sem citar a empresa nominalmente, Lazari classificou o escândalo da Americanas como “imprevisível”.

“Foi um caso imprevisível em um primeiro momento considerando a tradição da empresa e quem são seus sócios”, disse. A Americanas é uma das varejistas mais tradicionais do mercado brasileiro, com 94 anos de atuação. Entre seus sócios está o trio 3G, formado por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, três dos homens mais ricos do País.

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