Invest

Americanas: após 23 dias desde anúncio do rombo, 6 diretores são afastados em meio a investigações

Companhia reforçou outras medidas que começaram a ser implementadas como a contratação de instituto de perícias forense

Americanas: afastamento vem mais de 20 dias depois de denúncia (Leandro Fonseca/Exame)

Americanas: afastamento vem mais de 20 dias depois de denúncia (Leandro Fonseca/Exame)

Depois de 23 dias desde a denúncia do rombo de R$ 20 bilhões, o conselho de administração da Americanas (AMER3) decidiu afastar seis diretores estatutários da companhia. Segundo o comunicado publicado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o afastamento não representa "qualquer antecipação de juízo". Há forte suspeita de fraude no caso e a revelação dos problemas culminou em um processo de recuperação judicial. Seis executivos ficaram impedidos de exercer suas atividades e perderam acesso ao sistema interno da empresa.

Anna Christina Ramos Saicali, José Timotheo de Barros e Márcio Cruz Meirelles, e os executivos Fábio da Silva Abrate, Flávia Carneiro e Marcelo da Silva Nunes foram bloqueados de todas as suas funções e atividades, durante o curso das apurações.

Anna Saicali, por exemplo, estava à frente da Ame Digital, fintech da Americanas. Timotheo de Barros era o diretor de logística, tecnologia e lojas físicas e Meirelles, vice-presidente de consumo e marketing. Apesar de os cargos atuais poderem surpreender, a questão é que na companhia é comum que os executivos passem por diversas áreas, que foi o que ocorreu com a maioria dos executivos desligados.

Camille Loyo Faria, que assumiu dia 1º de fevereiro, segue como diretora financeira e de relações com investidores. O presidente interino, João Guerra — há quase 30 anos no grupo —,  também não é citado entre os afastados.

A permanência de funcionários do alto escalão de longa data estava dificultando até mesmo a contratação de profissionais para assumir a gestão e que sejam especializados em recuperação judicial.

O conselho que votou pelo afastamento dos executivos é composto por Carlos Alberto Sicupira, Cláudio Moniz Barreto Garcia, Eduardo Saggioro Garcia e Paulo Alberto Lemann, que são representantes dos acionistas de referência. Também fazem parte do conselho, como membros independentes: Mauro Muratorio Not, Sidney Victor da Costa Breyer e Vanessa Claro Lopes.

Incômodo

A demora da companhia em desligar executivos estava causando grande incômodo no mercado e críticas. Normalmente, esse é um dos primeiros movimentos a ser feito, bem como o alerta de que a comunicação de todos deve ficar à disposição para averiguação e que nada deve ser deletado.

Há preocupação entre os credores a respeito da integridade dos documentos internos, uma vez que essas pessoas mantiveram acesso ao sistema todo esse tempo. Santander e Bradesco conseguiram na Justiça o direito de fazer busca e apreensão na sede do grupo. O banco de origem espanhola conseguiu concretizar o movimento, enquanto o Bradesco teve a iniciativa paralisada pela Justiça do Rio de Janeiro, em mais uma decisão que têm deixado advogados — de dentro e de fora do caso — de cabelo em pé.

Outras medidas

Além do afastamento, a companhia reforçou outras medidas que já foram informadas e começaram a ser implementadas como a contratação do IBPTECH, instituto de perícias forenses, e da FTI Consulting, empresa de consultoria internacional de preservação de dados, assim como da ICTS Security, empresa de consultoria especializada em segurança da informação. Também foram contratados a consultoria global Alvarez & Marsal como PMO do processo de recuperação judicial e a Delloite Touche Tohmatsu para assessoria contábil, uma vez que a própria denúncia pressupõe que as demonstrações financeiras da companhia não refletem sua realidade adequadamente.

 

Acompanhe tudo sobre:AmericanasVarejo

Mais de Invest

Santander eleva preço-alvo da Multiplan (MULT3) e reitera compra: 'está na direção correta'

Personalizar bebida no Starbucks vai custar mais com nova política de preços

Uber aumentou lucro ao reduzir ganhos de motoristas, diz estudo de Columbia

Investir na SpaceX com pouco dinheiro? Startup dos EUA quer tornar isso possível