(Wolf von Dewitz/picture alliance/Getty Images)
Repórter
Publicado em 22 de outubro de 2025 às 13h14.
Última atualização em 22 de outubro de 2025 às 13h29.
A Amazon está se preparando para substituir centenas de milhares de empregos por robôs nos próximos anos, segundo apuração do jornal The New York Times. Documentos internos e entrevistas obtidos pelo jornal mostram que executivos da companhia acreditam estar próximos de uma nova grande transformação em seus centros de distribuição nos Estados Unidos.
A varejista, que emprega quase 1,2 milhão de pessoas no país, projeta evitar a contratação de mais de 160 mil trabalhadores até 2027 por meio de automação — o que deve gerar uma economia de cerca de US$ 0,30 por item processado. No longo prazo, a expectativa é que mais de 600 mil postos deixem de ser abertos até 2033.
Segundo os documentos analisados pelo NYT, a equipe de robótica da empresa tem como meta automatizar 75% das operações.
Em centros logísticos como o de Shreveport, na Luisiana, inaugurado no ano passado, robôs já permitem operar com um número significativamente menor de funcionários. A companhia planeja replicar o modelo em cerca de 40 instalações até 2027.
Os documentos mostram que a empresa avalia evitar palavras como “automação” e “IA” em suas comunicações, preferindo termos como “tecnologia avançada” e cobots (“robôs colaborativos”). Também discute ações para reforçar sua imagem institucional em comunidades que poderão ser afetadas pela redução de empregos.
Especialistas ouvidos pelo NYT afirmam que a iniciativa da Amazon pode servir de modelo para outras grandes empregadoras, como Walmart e UPS, acelerando uma transformação estrutural no mercado de trabalho.
“Nenhuma outra empresa tem o mesmo incentivo que a Amazon para encontrar uma forma de automatizar”, disse Daron Acemoglu, professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e vencedor do Nobel de Economia em 2024. “Quando descobrirem como fazer isso de forma lucrativa, outras empresas vão seguir o mesmo caminho.”
A Amazon afirma que os documentos não refletem sua estratégia completa de contratações e que planeja empregar 250 mil pessoas para a temporada de fim de ano.