Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Tom Williams/CQ-Roll Call, Inc/Getty Images)
Guilherme Guilherme
Publicado em 27 de julho de 2022 às 07h24.
Última atualização em 27 de julho de 2022 às 12h04.
O apetite ao risco dá as cartas no mercado internacional na manhã desta quarta-feira, 27, com as bolsas em alta e o dólar em queda antes da decisão do Federal Reserve (Fed). A alta de juros amplamente esperada para esta tarde será a quarta consecutiva desde março.
O anúncio está previsto para às 15h e a coletiva de imprensa com o presidente do Fed, Jerome Powell, para às 15h30.
A grande expectativa é de que o comitê americano de política monetária, o Fomc, confirme a elevação de 0,75 ponto percentual para o intervalo de 2,25% e 2,50%. A alta, já sinalizada por membros com poder de voto na decisão, será a quarta desde março.
O ajuste tem como principal objetivo controlar a crescente inflação dos Estados Unidos, ainda que ao custo de desacelerar a maior economia do mundo. A inflação ao consumidor americano chegou a 9,1% em junho, o maior patamar desde o início da década de 1980.
O número, que saiu acima do consenso do mercado no início do mês, chegou a impulsionar apostas de que o Fed teria que subir ainda mais o juro nesta reunião, em 1 ponto percentual. O Citi foi um dos grandes bancos a defender a alta mais intensa. Mas declarações de membros do Fed contrárias ao aperto mais duro esfriaram as expectativas do mercado.
O BTG Pactual acredita na alta de 0,75 ponto percentual, mas vê pouco espaço o Fomc diminuir o tom hawkish [contracionista]. "Não vemos espaço para o FOMC revelar maior preocupação com a desaceleração da economia. De fato, vários membros do comitê já se mostraram confortáveis com o ritmo de crescimento atual, sem ver recessão à frente e ressaltando a saúde do mercado de trabalho", afirmou o banco em relatório.
A taxa de desemprego americana, que chegou a 14,7% em 2020 já está no patamar pré-pandemia, em 3,6%. Apesar do nível aquecido da economia americana, preocupações sobre a piora da atividade nos próximos meses seguem presentes no mercado. O fenômeno da curva de juros invertida, um dos principais sinais que antecedem a recessão, permanece vivo desde o início de julho. Outro sinal de alerta foi emitido pelo varejo dos Estados Unidos, com o Walmart citando problemas de demanda devido à inflação de alimentos e queda do lucro líquido.
Desempenho dos indicadores às 7h35 (de Brasília):
Neste pregão, investidores devem reagir aos números do segundo trimestre do Carrefour Brasil, divulgados na última noite. A despeito da maior preocupação com o setor de hipermercados no exterior, a divisão brasileira da multinacional aumentou seu lucro líquido ajustado em 1,3% frente ao mesmo período do ano passado para R$ 600 milhões. As vendas líquidas subiram 35,9% para R$ 24 bilhões. A margem líquida ajustada, no entanto, caiu 0,9 ponto percentual, de 3,4% para 2,5%.
É também sob expectativa de pressão nas margens que o GPA irá divulgar seu balanço após o encerramento do pregão desta quarta. A empresa deve reportar receita líquida de R$ 9,74 bilhões e Ebtida ajustado de R$ 623 milhões, segundo consenso da Bloomberg. O Ebtida ajustado do GPA foi de R$ 899 milhões no mesmo período de 2021 e a receita líquida de R$ 11.879 bilhões.
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