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Alta de compulsório anula aposta em aumento de juro esta semana

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro com vencimento em janeiro, o mais negociado, caiu 15 pontos-base na última sexta

Henrique Meirelles não deve aumentar a Selic na sua última reunião à frente do BC (Antonio Cruz/EXAME.com)

Henrique Meirelles não deve aumentar a Selic na sua última reunião à frente do BC (Antonio Cruz/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 6 de dezembro de 2010 às 05h09.

Nova York e Brasília - Operadores estão abandonando as apostas de que Henrique Meirelles vai se despedir de sua gestão de oito anos à frente do Banco Central com uma alta do juro básico esta semana, de acordo com os contratos futuros.

A decisão de BC de aumentar na última sexta-feira o depósito compulsório acabou com as especulações de que o Comitê de Política Monerária iria subir a Selic nesta quarta-feira para conter a inflação. A taxa básica de juros está hoje em 10,75 por cento, enquanto a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo - 15 chegou a 5,5 por cento, o maior nível anualizado em 20 meses.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro com vencimento em janeiro, o mais negociado, caiu 15 pontos-base, ou 0,15 ponto percentual, na sexta-feira, para 10,69 por cento. Esse nível indica que operadores não esperam mais que o Copom aumente a Selic esta semana. Até quinta-feira, o mercado futuro indicava expectativa de alta de 0,25 ponto percentual no juro básico.

A mudança no compulsório vai enxugar cerca de R$ 61 bilhões da economia e abre espaço para Alexandre Tombini, nomeado para substituir Meirelles, avaliar os planos da presidente eleita Dilma Rousseff para a área fiscal antes de decidir sobre altas na Selic no ano que vem, disse Luís Fernando Lopes, que ajuda a administrar R$ 1,1 bilhão como sócio do Pátria Investimentos.

“Um aumento de juros em dezembro é muito, muito improvável”, disse Lopes numa entrevista em São Paulo. “Eles ainda querem essa informação muito importante que está faltando, especificamente, como será a política fiscal no Brasil nos próximos anos.”

Perspectiva para gastos

A inflação em 12 meses se acelerou para acima da meta de 4,5 por cento, impulsionada pela expansão do crédito, pela alta dos preços dos alimentos e pelo aumento de 27 por cento no gasto do governo nos primeiros nove meses do ano. Em 26 de novembro, os investidores começaram a apostar que o BC subiria o juro básico em dezembro por causa do avanço da inflação.

O governo pretende cortar pela metade os recursos para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social no ano que vem e impedir a criação de novos gastos para ajudar o BC a controlar a inflação, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, numa entrevista em 30 de novembro. Dilma prometeu cortar a dívida pública líquida, ao mesmo tempo em que disse que ampliará o Bolsa Família e que pode reajustar o salário mínimo acima do planejado.

Um corte de gastos equivalente a 1 por cento do Produto Interno Bruto reduziria a inflação em 0,32 ponto percentual, de acordo com a estimativa mediana de uma pesquisa do BC com economistas publicada em 8 de novembro.

Meirelles subiu a alíquota do compulsório em depósitos a prazo de 15 para 20 por cento enquanto o adicional de compulsório foi elevado de 8 para 12 por cento, com o objetivo de desacelerar o crédito ao consumidor. As medidas foram elaboradas para limitar a liquidez dos mercados financeiros e evitar “bolhas” de crédito, disse Meirelles a jornalistas em Brasília em 3 de dezembro. Os empréstimos bancários no País estão se expandindo a um ritmo de 20 por cento ao ano.

“Essa medida é mais eficaz do que um aumento de juros porque é focada na parte de crédito, que tem sido bem forte”, disse Marcelo Saddi Castro, que supervisiona R$ 18 bilhões como diretor de investimentos da SulAmérica Investimentos em São Paulo. “O Banco Central começou a agir, isso é uma boa notícia.”

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