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Publicado em 25 de junho de 2025 às 11h17.
O alívio após o cessar-fogo entre Israel e Irã animou os mercados dos Estados Unidos nesta terça-feira, 24, com destaque para as ações de tecnologia, que impulsionaram o índice Nasdaq 100 a uma nova máxima histórica. Investidores reagiram positivamente ao anúncio do presidente Donald Trump sobre o acordo entre os dois países e, apesar de novas postagens pressionando Israel a seguir o combinado, o sentimento nas bolsas permaneceu otimista.
A fala do presidente do Fed, Jerome Powell, também contribuiu para o bom humor. Ao ser questionado sobre um possível corte de juros em julho, ele afirmou que, “se as pressões inflacionárias continuarem sob controle, chegaremos a um ponto em que será possível cortar as taxas, mais cedo do que tarde”. Apesar de não dar datas, o tom foi visto como positivo, de acordo com reportagem da Business Insider.
O S&P 500 encerrou o dia a 0,8% do recorde anterior, enquanto o Nasdaq 100 subiu 1,5% e o Dow Jones avançou 507 pontos. Confira o fechamento dos principais índices:
S&P 500: 6.092,22 (+1,1%)
Dow Jones: 43.089,02 (+1,2%)
Nasdaq 100: 22.190,52 (+1,5%)
O conflito no Oriente Médio vinha preocupando os mercados, especialmente diante da possibilidade de novos desdobramentos militares. Com o anúncio da trégua, os investidores passaram a olhar novamente para temas internos, como as tarifas que devem ser aplicadas nas próximas semanas, dentro da guerra comercial conduzida por Trump.
“O alívio nas tensões geopolíticas abriu espaço para que os investidores voltem a focar em temas como as tarifas e a política comercial americana”, escreveu David Morrison, analista da Trade Nation. Segundo ele, depois de encarar o risco de um conflito maior, o mercado não deve se abalar com variações nas taxas sobre importações.
Chris Brigati, diretor de investimentos da SWBC, também avaliou que o momento favorece a volta dos investidores aos ativos de risco. “Mesmo que haja nova escalada, parece que o Irã tem capacidade limitada de retaliação, o que reforça a expectativa de estabilidade”, disse em nota.
Com o fim dos combates, os preços do petróleo voltaram a cair após fortes altas. O Brent chegou a recuar 7% na terça-feira, após acumular alta de 14% nos dias de conflito. O WTI, que havia subido mais de 10% no mesmo período, também caiu cerca de 7%, abaixo do patamar registrado no início das hostilidades.
Segundo analistas do Deutsche Bank, uma postagem de Trump nas redes sociais, afirmando que “a China agora pode continuar comprando petróleo do Irã”, também contribuiu para a queda. A mensagem foi interpretada como uma possível flexibilização das sanções americanas, o que aumentaria a oferta global de petróleo.
Mais tarde, os preços recuperaram parte das perdas no pós-mercado. O Brent subia 1,7%, cotado a US$ 68,30, enquanto o WTI avançava 1,8%, para US$ 65,50 o barril. Para Alex Kuptsikevich, da FXPro, o movimento mostra que o chamado “prêmio de guerra” já foi retirado dos preços. “O mercado devolveu os ganhos acumulados desde o início do conflito”, afirmou.
Índice Dólar (DXY): 98,02 (+0,2%)
Bitcoin: US$ 106.737,69 (+1,3%)
Ouro: US$ 3.334,31 por onça (+0,3%)
Apesar do alívio momentâneo, analistas alertam que novas tensões não estão descartadas. “O mercado respirou após o anúncio da trégua, mas essa calmaria pode ser passageira. Se o acordo for rompido, é provável que vejamos uma retomada do movimento de aversão ao risco, com alta do ouro e pressão sobre ações globais”, avaliou Lukman Otunuga, da FXTM.
A Oxford Economics também considera um cenário pessimista em que as negociações fracassam e o Irã passa a atacar rotas comerciais com minas ou ações contra embarcações.
Para Daleep Singh, economista-chefe da PGIM Fixed Income, os fundamentos das economias ocidentais seguem sólidos, com crescimento moderado e inflação sob controle. “Um desfecho que leve a um Irã com armas nucleares poderia, sim, abalar os mercados”, alertou.