Shopping Eldorado, em São Paulo, é administrado pela Allos (Divulgação)
Repórter de negócios e finanças
Publicado em 13 de agosto de 2025 às 18h46.
Última atualização em 13 de agosto de 2025 às 19h23.
A Allos (ALOS3) reportou lucro líquido de R$ 186,74 milhões no segundo trimestre de 2025, número 39,3% menor que o registrado um ano antes. A comparação é "proforma", dado que a companhia vendeu ou reduziu participações em alguns shopping centers nesse intervalo de tempo, ficando com um portfólio mais enxuto. O FFO, lucro líquido excluindo efeitos não caixa (proveniente das operações) foi de R$ 304,6 milhões, com alta de 1,9% na comparação anual. Por ação, o FFO teve crescimento de 8,8%.
A receita líquida da administradora de shopping centers cresceu 8,4% em bases anuais, para R$ 656,4 milhões. A companhia destacou o crescimento de 6,7% na receita de locação, R$ 486 milhões. O braço de mídia da empresa, que desde este trimestre opera publicidades nos aeroportos da Aena, faturou R$ 45,9 milhões entre abril e junho deste ano, com crescimento anual de 31%. O NOI, indicador de receita operacional sem contar as despesas, cresceu 10,2% para R$ 594,4 milhões.
O Ebitda ajustado da Allos foi de R$ 490,4 milhões no trimestre, com alta de 12,9% em relação ao mesmo período do ano passado. A margem Ebitda, por sua vez, avançou 1,96 ponto percentual, para 73,1%. Segundo a companhia, as despesas com vendas administrativas recuaram 1% na comparação com o segundo trimestre de 2024.
A taxa total de ocupação da Allos fechou o segundo trimestre praticamente estável, em 96,4%. As vendas totais somaram R$ 10,12 bilhões no segundo trimestre, com crescimento anual de 9,5%. As vendas por metro quadrado avançaram 7,4% na mesma base de comparação, para R$ 1,982. Nas lojas que estão funcionando há pelo menos um ano (indicador vendas mesmas lojas ou SSS), as vendas evoluíram 7,1%.
Foi um período de sazonalidade forte, com datas importantes para o comércio, como Dia das Mães e Páscoa. Mas, para Daniela Guanabara, CFO da Allos, a melhora desses indicadores também é resultado de um mix de lojistas mais conectado com as atuais demandas do consumidor, o que aumenta a rentabilidade das operações.
"O posicionamento premium atrai fluxo, venda e lojistas", explica a executiva. As vendas de participação em shoppings que a administradora realizou no último ano têm a ver com essa busca de alcançar um portfólio de maior qualidade. Nos shopping que continuam sob gestão da companhia, a troca de lojistas tem resultado em mais vendas por metro quadrado.
"A gente tem conseguido atingir objetivo de alcançar um portfólio mais premium e dominante. E sempre estamos analisando outras oportunidades de desinvestimento, mas por hora essa não é uma necessidade", afirma Daniela. A companhia também aposta em uma estratégia multiuso, trazendo empreendimentos comerciais e residenciais para perto dos shopping centers.
Os aluguéis cobrados aos lojistas que estão há ao menos um ano nos shoppings da Allos cresceram 7,7% (no ano passado, nesse mesmo período, o aluguéis mesmas lojas evoluiu 3,9%). Mas ainda assim, o percentual das vendas das lojas para arcar com custos de ocupação teve leve redução de um ano para outro, chegando a 10,2%. "A saúde do nosso lojista está muito boa", afirma a CFO.
A executiva conta que só no mês de junho a Allos assinou com 60 lojistas, quase metade dos contratos firmados na primeira metade do ano. Até agora, se houve algum sinal de desaceleração na economia por conta dos juros mais altos, passou despercebido pelos shoppings da administradora, segundo Daniela.
E por falar em juros, a última emissão de dívida da Allos foi feita quando a Selic estava no patamar de 13%, no início do ano. O saldo devedor da companhia foi de R$ 3,4 bilhões líquidos, com redução de R$ 98 milhões em relação ao trimestre anterior. A alavancagem medida pelo indicador dívida líquida/Ebitda ficou estável, em 1,7 vez. A companhia terminou o segundo trimestre com posição de caixa de R$ 3,1 bilhões.