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Alívio nas tensões entre EUA e China impulsiona mercados

Sinais de acordo comercial, cortes de juros e resultados das big techs animam investidores no início de uma semana decisiva

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 27 de outubro de 2025 às 05h54.

Última atualização em 27 de outubro de 2025 às 08h26.

As bolsas globais iniciaram a semana em alta nesta segunda-feira, 27, impulsionadas por sinais concretos de que Estados Unidos e China estão próximos de um novo acordo comercial.

A perspectiva de trégua entre as duas maiores economias do mundo animou os mercados, em uma semana marcada também por decisões de juros em grandes bancos centrais e a divulgação dos balanços das principais empresas de tecnologia.

Otimismo com o comércio impulsiona ações

O índice S&P 500 caminhava para renovar máximas históricas, com os futuros subindo 0,8% após os principais negociadores dos EUA e da China anunciarem avanços significativos durante o fim de semana.

As bolsas da Ásia acompanharam o movimento: os índices da Coreia do Sul, Taiwan e Japão bateram recordes.

Na Europa, o índice pan-europeu STOXX 600 teve alta modesta de 0,1%, próximo de seus níveis mais altos da história.

Segundo autoridades chinesas, as tratativas preparam terreno para um encontro decisivo entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping ainda nesta semana, em Seul. A expectativa é de que a reunião formalize um pacto que congele novas tarifas americanas e suspenda controles chineses sobre exportações de terras raras.

“O foco se voltou para as negociações com a China, o que está puxando o mercado para cima, mas apenas um desfecho positivo poderá sustentar essa tendência”, avaliou Guillermo Hernandez Sampere, diretor da gestora MPPM.

Mercado reduz busca por segurança

Com o avanço das negociações, o apetite ao risco aumentou e ativos de proteção recuaram.

O ouro caiu 1,3%, para US$ 4.058 a onça, e os preços dos títulos do Tesouro americano recuaram em todos os prazos, elevando os juros da T-note de 10 anos para 4,03%.

A demanda pelo dólar se manteve firme, embora o franco suíço tenha registrado perdas frente às principais moedas.

A moeda chinesa também reagiu: o yuan subiu para 7,1091 por dólar, seu maior nível em mais de um mês.

Antes da abertura do mercado, o Banco Popular da China havia fixado a taxa de referência da moeda em 7,0881, o nível mais forte desde meados de outubro.

Semana será dominada por bancos centrais

Além das negociações comerciais, investidores acompanham de perto uma série de reuniões de política monetária nesta semana.

O Federal Reserve (Fed) deve cortar os juros em 0,25 ponto percentual, diante de sinais de desaceleração da inflação nos EUA. A decisão será acompanhada por comunicados do Banco Central Europeu, Banco do Japão e Banco do Canadá.

Embora o Fed deva promover mais um corte, analistas alertam que os impactos do recente shutdown do governo americano podem influenciar os próximos passos da autoridade monetária. No Japão, o banco central pode retomar o debate sobre aumento de juros, dependendo do avanço das negociações comerciais e dos sinais de recuperação econômica.

“Haverá uma mudança rápida de foco para os fundamentos da economia, e será testado o quanto desse otimismo pode realmente se traduzir em crescimento sustentado”, avaliou Hebe Chen, analista da Vantage Markets, em Melbourne.

Megacaps testam fôlego da alta em Wall Street

O outro grande destaque da semana será a divulgação dos balanços de cinco das maiores empresas do S&P 500: Microsoft, Apple, Alphabet, Amazon e Meta Platforms. Juntas, essas companhias representam cerca de um quarto do índice.

Apesar de sinais de que a vantagem financeira das chamadas “Magnificent Seven” vem se estreitando, o mercado espera que essas gigantes ainda entreguem resultados sólidos — especialmente por conta do entusiasmo em torno da inteligência artificial, que segue como um dos principais motores do mercado em 2025.

“A combinação entre otimismo comercial, possível corte de juros e resultados fortes de big techs cria um ambiente de curto prazo muito favorável às ações”, afirmou Garfield Reynolds, estrategista da Bloomberg. “Poucos investidores estão dispostos a ficar de fora de um rali de alívio.”

Argentina surpreende e Indonésia decepciona

Fora do radar das maiores economias, os mercados reagiram a resultados eleitorais na América do Sul e a mudanças regulatórias na Ásia. Na Argentina, ativos subiram com força após a coligação do presidente Javier Milei ter superado as projeções nas eleições legislativas. O desempenho reforça o apoio político ao seu plano de choque econômico.

Na Indonésia, por outro lado, as ações caíram mais de 2% — o pior desempenho em mais de seis meses — após um relatório da MSCI apontar risco de reclassificação dos papéis locais, o que pode reduzir a participação de investidores estrangeiros nos índices globais.

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