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Alerta 'Armagedom': alta dos juros no Japão pode provocar colapso global nos mercados

Especialista alerta que o fim do estímulo do Banco do Japão e a disparada dos juros nos títulos japoneses podem desencadear fuga de capitais

Publicado em 23 de maio de 2025 às 07h20.

Um "Armagedom" dos mercados financeiros globais pode estar próximo de acontecer, segundo o estrategista Albert Edwards, conhecido pelo pessimismo em suas previsões financeiras.

Segundo ele, um dos motivos para isso é a recente disparada dos rendimentos e juros dos títulos do governo japonês.

Devido à inflação persistente, aumento dos gastos públicos e retirada do suporte do Banco do Japão (BoJ) ao mercado de títulos, os juros de longo prazo dos títulos japoneses subiram rapidamente.

Além disso, o BoJ encerrou sua política de estímulos, com o afrouxamento quantitativo, deixando os “títulos vencerem”, o que reduziu a demanda e estimulou a alta dos juros.

Por alguns anos, investidores globais utilizaram a técnica "yen carry trade", que consiste em realizar empréstimos com juros baratos do Japão e aplicar em outros países com maior retorno, como ações e títulos dos Estados Unidos, por exemplo.

Após o crescimento dos juros japoneses, os mesmos investidores podem passar a repatriar seu dinheiro, vendendo os ativos comprados no exterior e voltando para o Japão.

O fluxo pode causar uma grande saída de capital de marcados, como os EUA, afetando as ações, títulos do tesouro e aumento do dólar e gerando uma instabilidade financeira global.

Em julho e agosto de 2023, já houve um aumento inesperado dos juros japoneses, fazendo o S$P 500 cair 6%.

“Tanto o mercado de ações quanto o mercado de títulos do Tesouro dos EUA estão vulneráveis, pois foram inflados pelos fluxos de capital vindos do Japão (assim como o dólar). E, se os rendimentos mais altos dos JGBs atraírem os investidores japoneses de volta para casa, a reversão do carry trade pode causar um forte esvaziamento nos ativos financeiros dos EUA”, disse o analista em nota enviada para clientes. 

Edwards reforçou que "acompanhar o movimento de alta nas taxas de longo prazo dos JGBs como a tarefa número 1 mais importante para os investidores neste momento.”

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