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Governo da Alemanha vai salvar gigante do gás Uniper com compra de 30% do capital

A decisão foi tomada pelo chanceler alemão, Olaf Scholz, que definiu a Uniper como uma empresa "central para a economia alemã"

Sede da Uniper, em Dusseldorf (UNIPER/Exame)

Sede da Uniper, em Dusseldorf (UNIPER/Exame)

O governo da Alemanha decidiu nesta sexta-feira, 22, salvar o gigante do gás Uniper adquirindo 30% do capital social da empresa.

A decisão foi tomada pelo chanceler alemão, Olaf Scholz, que definiu a Uniper como uma empresa "central para a economia alemã".

O governo alemão vai gastar cerca de US$ 15 bilhões para entrar no capital da empresa de energia, principal importadora de gás russo da Europa.

Esse é o segundo caso de resgate público de uma empresa de energia na Europa, desde o começo da guerra na Ucrânia, após a nacionalização da EDF por parte do governo francês, anunciada na última semana.

Desde o início da guerra na Ucrânia as ações da Uniper já perderam 80% de seu valor na Bolsa de Valores de Frankfurt.

Após o anúncio da entrada no capital do governo alemão, o papel da Uniper caiu 28% no pregão desta sexta-feira.

O grupo, controlado pela empresa finlandesa Fortum Oyj, encontra-se em sérias dificuldades, com elevado risco de falência, pois foi forçado a compensar a redução do fluxo de gás russo com compras de gás "spot" no mercado livre, muito mais caro.

Entretanto, Uniper não conseguiu repassar essa alta do preço do gás para os consumidores alemães, pois a maioria de seus clientes recebe o gás com contratos de longo prazo, que não podem ser renegociados antes do vencimento.

Após a entrada do governo alemão no capital da Uniper, a participação da Fortum Oyj na empresa passará de cerca de 80% para 56%.

Governo alemão não quer mudar as regras do mercado do gás

Berlim está preocupada com os efeitos sociais da inflação já muito elevada, não quer mudar as regras do mercado de gás, permitindo que as empresas transfiram as altas dos preços aos consumidores.

Por isso, preferiu realizar o resgate da Uniper no mesmo modelo escolhido no caso da Lufthansa, companhia aérea salva durante a fase mais aguda da crise do novo coronavírus (covid-19) com uma "injeção" de liquidez de € 9 bilhões.

“São tempos difíceis, temos de nos manter unidos porque os preços do gás vão continuar elevados ao longo de 2022”, explicou o chanceler Scholz.

Além da entrada no capital da Uniper, o governo alemão está avaliando a possibilidade de nacionalizar os ativos da Gazprom e da Rosneft no país.

Berlim tem urgência de intervir no setor energético por causa do risco de uma crise energética grave no próximo inverno europeu.

Uma eventualidade que atingiria principalmente as indústrias da primeira economia europeia, que está tentando encher rapidamente as instalações de armazenamento de gás.

Embora na última quinta-feira, 21, os fluxos de gás tenham voltado a fluir pelo gasoduto submarino Nord Stream 1, os fornecimentos permaneceram limitados a 40% da capacidade total.

O presidente russo, Vladimir Putin, motivou essa redução do gasoduto citando problemas técnicos.

Entretanto, as autoridades alemãs acreditam que essa seja uma decisão baseada em razões políticas.

Planos de emergência na Alemanha

A Alemanha é fortemente dependente da energia russa.

O gás russo representou 55% das importações de gás da Alemanha em 2021 e 40% das importações de gás no primeiro trimestre de 2022.

Por isso, ativou um plano de emergência para gerir o abastecimento de gás após a deterioração das relações diplomática com a Rússia por causa do conflito na Ucrânia.

O Executivo de Berlim pediu que as indústrias e as famílias economizem energia e reduzam o consumo.

Se a situação piorar, o racionamento de gás não está descartado.

Uma medida que devastaria a economia alemã e levaria à perda de milhares de empregos.

Até 2024, o país europeu prometeu acabar com o uso de gás russo.

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