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"Ainda não há sinais de bolha na bolsa brasileira", diz presidente do Itaú

Apesar da euforia, as ações do banco acumulam queda de 7,6% no ano devido à concorrência e à possibilidade de um crescimento menor do lucro em 2020

Candido Bracher, Itaú: "no mercado de adquirência, a disputa de preços é tão intensa que, no nosso caso, os resultados têm decrescido" (Germano Lüders/VOCÊ S/A)

Candido Bracher, Itaú: "no mercado de adquirência, a disputa de preços é tão intensa que, no nosso caso, os resultados têm decrescido" (Germano Lüders/VOCÊ S/A)

NF

Natália Flach

Publicado em 11 de fevereiro de 2020 às 10h20.

Última atualização em 11 de fevereiro de 2020 às 10h43.

São Paulo - A valorização da bolsa brasileira é reflexo do crescimento das companhias de capital aberto, não de uma bolha financeira. Ao menos, por enquanto. Essa é a opinião de Candido Bracher, presidente do Itaú Unibanco. "No Brasil, os resultados das empresas têm melhorado, e os múltiplos estão numa faixa aceitável. Não vejo sinais de bolha ainda, mas é um fenômeno que tende a ocorrer quando os juros ficam baixos por muito tempo. Por isso, é bom acompanhar de perto", afirmou o executivo durante teleconferência sobre os resultados do banco.

Apesar da euforia na bolsa, as ações do Itaú acumulam queda de 7,60% no ano. Entre os motivos que explicam o pessimismo dos investidores estão o medo da concorrência com fintechs e a possibilidade de um crescimento menor do lucro em 2020. No ano passado, o banco apresentou um aumento de 10,2% no lucro líquido para 28,4 bilhões de reais, mas os especialistas projetam para este ano um avanço de 1% a 3% - portanto, um resultado bem aquém dos dois dígitos.

"Este ano vamos ser impactados pelo aumento da contribuição social (sobre lucro líquido), pelo teto dos juros no cheque especial e pela queda da taxa média de juros que afeta diretamente nosso capital, que rende menos. São, portanto, eventos únicos. Por isso, o desempenho de 2021 será sensivelmente superior ao de 2020", confirma Bracher.

Para 2020, a estimativa é de crescimento de 2,2% do produto interno bruto, bem acima do 1,2% de 2019. "A previsão do PIB sempre pode mudar, e efetivamente tem mudado nos últimos anos. Acompanhamos o coronavírus, mas é muito cedo para fazer previsões mais precisas. Internamente, as noticias são boas, com a confiança de investidores se intensificando, com mercado de capitais tendo demanda e com os IPOs apresentando êxito", diz. Essa conjuntura deve fazer com que haja crescimento da receita de serviços, já que há maior demanda por cartões e conta corrente, além da contratação da gestora e do banco de investimentos.

Nesse sentido, a expectativa é de que a carteira de crédito continue crescendo. "É o terceiro ano consecutivo, não me lembro de uma única vez que isso tenha acontecido três vezes seguidas." Esse avanço deve acontecer em todas as linhas, mas o banco vai se esforçar para incrementar a concessão de crédito consignado e de financiamento imobiliário.

Sobre aumento da concorrência pontuado por alguns analistas, Bracher diz que sempre haverá concorrência tanto por parte dos concorrentes tradicionais, como Bradesco e Santander, quanto pelos novos. "A concorrência nos faz melhorar. Não chega a ser algo fundamentalmente diferente do que já vivemos."

Talvez a adquirência seja a exceção. "Nesse mercado, a disputa de preços é tão intensa que, no nosso caso, os resultados têm decrescido. Embora os volumes sejam crescentes, as receitas, não", afirma. "Mas nem só de lucro a gente vive. Aumentamos em 80% o credenciamento de pequenas e médias empresas e em 20 pontos a nossa nota de satisfação do cliente (NPS). Foi uma medida exitosa, e não temos intenção de voltar atrás."

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