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"Ainda estamos no meio da corrida de multimercados para títulos isentos" diz Luis Stuhlberger

Sócio-fundador e gestor da Verde Asset afirma que "ainda tem muito dinheiro para sair" dos fundos multimercados e alerta para risco de inadimplência em produtos isentos

Luis Stuhlberger, sócio-fundador da Verde Asset e gestor do Fundo Verde, um dos mais rentáveis fundos do país há mais de duas décadas (Patricia Monteiro/Bloomberg)

Luis Stuhlberger, sócio-fundador da Verde Asset e gestor do Fundo Verde, um dos mais rentáveis fundos do país há mais de duas décadas (Patricia Monteiro/Bloomberg)

Publicado em 20 de março de 2024 às 14h51.

Última atualização em 20 de março de 2024 às 14h52.

Os fundos multimercados acumulam no ano resgates líquidos de R$ 21 bilhões até meados de março. O movimento é continuidade das saídas registradas nos últimos dois anos, quando a classe de fundos somou saída líquida de R$ 250 bilhões. A  maior atratividade da renda fixa, com as altas de juros a partir de 2021, impulsionaram parte dos resgates, especialmente com a migração para títulos isentos de impostos de renda, como CRI, CRA, LCI e LCA. Apesar das cifras elevadas, Luis Stuhlberger, gestor e sócio-fundador da Verde Asset, avalia que esse movimento não está perto do fim.

"Tem tido de um meses para cá uma corrida de multimercados para produtos isentos e ainda estamos no meio da corrida. Já saiu muito de multimercados para isentos, mas ainda tem muito para sair", afirmou disse a uma plateia de investidores em evento realizado nesta terça-feira, 20, pela Hedge Investimentos.

A saída tem ocorrido diante de mudanças da tributação sobre fundos exclusivos. Antes, o imposto de renda sobre o ganho de capital era cobrado apenas no resgate do fundo. Ou seja, até lá, o investidor poderia reinvestir ilimitadamente o lucro sem pagar impostos, o que lhe assegurava uma vantagem tributária. Agora, esses fundos, como todos os outros multimercados, sofrem o efeito do come-cotas, que é o imposto semestral sobre o ganho de capital do fundo.

Risco de inadimplência

Quanto aos títulos incentivados, Stuhlberger alerta para o risco de inadimplência das empresas emissoras. "Há uma febre de emissão de debêntures de infraestrutura, No geral, as emissão são de boa qualidade. Mas, claramente, vão aparecer problemas. Não dá para comprar um ativo só pela nota de crédito."

Stuhlberger avalia que um eventual problema pode afetar toda a rentabilidade do portfólio, pelo fato de essas emissões terem spread de crédito baixo. "É diferente de quando se investe em crédito high yield, em que o spread cobrado compensa uma eventual inadimplência. Em uma carteira high grade, a inadimplência em uma empresa da carteira acaba com o lucro das outras operações."

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