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ADRs da Eletrobras afundam 12% em NY após saída de CEO

Wilson Ferreira Junior, CEO da Eletrobras, pediu demissão do cargo no domingo; ele explicou nesta segunda que demora para privatização pesou na decisão

Wilson Ferreira Júnior vai assumir o comando da BR Distribuidora ao sair da Eletrobras (Germano Lüders/Exame)

Wilson Ferreira Júnior vai assumir o comando da BR Distribuidora ao sair da Eletrobras (Germano Lüders/Exame)

PB

Paula Barra

Publicado em 25 de janeiro de 2021 às 10h38.

Última atualização em 26 de janeiro de 2021 às 00h16.

Os American Depositary Receipts (ADRs) da Eletrobras (ELET3; ELET6) negociados na Bolsa de Nova York afundaram nesta segunda-feira, 25, após renúncia do CEO da companhia, Wilson Ferreira Junior, conforme fato relevante divulgado ontem pela empresa.

Os ADRs EBR, que correspondem aos papéis ordinários da estatal, caíram 8,10%, enquanto os EBR.B, representativos dos papéis preferenciais, registraram baixa de 11,76%. Os papéis da estatal negociados na B3 só sentirão o efeito da notícia na abertura do pregão de amanhã, uma vez que a Bolsa brasileira está fechada hoje por conta do feriado de aniversário de São Paulo.

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A saída de Ferreira acentua os temores de investidores com o abandono, na prática — embora ainda não no discurso oficial –, da agenda liberal e de privatização do governo de Jair Bolsonaro.

O executivo, que alegou razões pessoais para a saída, fica no comando da empresa até o dia 5 de março. Na sequência, parte para uma nova empreitada à frente da BR Distribuidora, que anunciou nesta tarde sua contratação como CEO, em substituição a Rafael Grisolia. Não há por ora um sucessor para Ferreira Junior anunciado na Eletrobras.

Em teleconferência realizada nesta tarde, Ferreira Junior disse que a pandemia atrapalhou o processo de privatização da companhia, mas havia perspectiva de retomada no segundo semestre do ano passado. No entanto, mesmo com empenho do executivo, do ministério de Minas e Energia, que tem ressaltado a importância do tema e que tem sido acompanhado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, não foi possível ver tração nesse processo, afirmou.

Segundo ele, a avaliação sobre as dificuldades para a privatização da empresa deve-se a uma percepção pessoal. O executivo reforçou ainda o compromisso com a companhia e em fazer uma “transição harmoniosa” com seu sucessor. “Eu acredito muito nessa empresa e meu compromisso vai além do prazo de transição”, disse.

Incertezas sobre o futuro da estatal

Na semana passada, as ações da companhia caíram cerca de 11%, liderando as perdas do Ibovespa no período, em meio a dúvidas sobre a permanência do executivo no cargo após o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), candidato à presidência do Senado e que conta com o apoio de Bolsonaro, falar que a privatização da elétrica não era prioridade. Wilson Ferreira Junior, que assumiu o comando da Eletrobras em 2016, tinha como missão reestruturar a companhia, sanear as finanças e prepará-la para a privatização.

Diante das incertezas sobre o futuro da estatal, o Bradesco BBI cortou na sexta-feira a recomendação dos papéis de outperform, equivalente a compra, para neutra. No cenário-base, os analistas do banco apontavam uma probabilidade de 90% da privatização não ocorrer, mas com a permanência das melhoriais implementadas pela atual gestão. Já no caso da privatização não acontecer e com a saída do CEO, o que poderia levantar especulações de que o desempenho da companhia se deterioraria novamente, eles viam o valor justo das ações cair para 24,00, o que representaria uma desvalorização de 21,5% frente ao fechamento da última sexta-feira.

Ferreira Junior continuará em conselho

Em nota divulgada à imprensa nesta data, o Ministério de Minas e Energia (MME) diz que o processo de melhoria da eficiência operacional implementado na companhia durante a gestão do executivo será mantido. "Desta forma, será dado prosseguimento às ações de redução de custos e de aprimoramento da estratégia de sustentabilidade da Eletrobras", diz o ministério.

Segundo a pasta, Ferreira Junior permanecerá como membro do conselho de administração da companhia, no qual continuará dando sua contribuição para melhoria da gestão e governança da empresa.

O MME reforçou ainda que é de entendimento do governo federal que a capitalização da Eletrobras é essencial e necessária para a recuperação de sua capacidade de investimento. "Com a capitalização, a Eletrobras se tornará uma corporação brasileira de classe mundial, com capital pulverizado, focada em geração, comercialização e transmissão de energia elétrica, tornando-se uma das maiores empresas de geração renovável do mundo", diz a nota.

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