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Adidas despenca 9% com crescimento abaixo do esperado e alerta sobre impactos das tarifas de Trump

Empresa mantém projeções mesmo após lucro subir, mas incerteza com guerra tarifária pressiona os papeis

Publicado em 30 de julho de 2025 às 07h03.

Última atualização em 30 de julho de 2025 às 07h08.

As ações Adidas caíram cerca de 9% nesta quarta-feira, 30, após a companhia divulgar um crescimento de receita abaixo do esperado no segundo trimestre e alertar para os impactos das tarifas dos Estados Unidos.

Por volta das 6h10 (horário de Brasília), os papéis da fabricante alemã de artigos esportivos recuavam 6,3%, cotados a € 185,18, na maior queda intradiária registrada desde abril.

O resultado acendeu o alerta no mercado. Apesar de ter registrado uma alta de 58% no lucro operacional, para € 546 milhões, a receita avançou apenas 2% em relação ao ano anterior, somando € 5,95 bilhões, abaixo dos € 6,23 bilhões previstos por analistas da LSEG.
O desempenho foi afetado por um efeito cambial negativo de € 300 milhões, o fim da linha Yeezy e vendas mais fracas do que o esperado na China e na Europa.

Mesmo com o avanço do lucro, a empresa manteve sua projeção anual, frustrando parte do mercado. A Adidas segue estimando um lucro operacional entre € 1,7 bilhão e € 1,8 bilhão em 2025 — abaixo da média das expectativas de analistas, que apontavam para € 2 bilhões.

Efeito das tarifas

O CEO Bjørn Gulden justificou a cautela com a incerteza em torno das tarifas de importação dos EUA, que já causaram um prejuízo de “dezenas de milhões de euros” no trimestre e podem gerar um custo adicional de até 200 milhões de euros até o fim do ano.

Em teleconferência, Gulden afirmou que eventuais aumentos de preços seriam restritos aos Estados Unidos, e que a empresa fará uma revisão de preços após a definição final da alíquota tarifária, esperada para o próximo dia 1º de agosto.

“As tarifas, e principalmente a incerteza, tornam tudo mais difícil agora. Para a Adidas, trata-se de atravessar esse momento sem prejudicar o negócio no longo prazo”, disse Gulden em comunicado. Ele também apontou que um avanço da inflação provocado pelas tarifas pode afetar o apetite do consumidor.

O alerta da Adidas se soma ao da Puma, que na semana passada também culpou as tarifas pela revisão drástica de suas projeções e pela expectativa de prejuízo no ano. O novo CEO da concorrente, Arthur Hoeld, prometeu apresentar em outubro um plano de reestruturação.

Com consumidores mais cautelosos e margens pressionadas pelas tarifas de Donald Trump, investidores agora avaliam se a Adidas conseguirá manter o ritmo de crescimento iniciado com o sucesso da linha Samba e outros modelos retrô. Eles também se questionam se a empresa terá fôlego para sustentar a competitividade diante de uma Nike em recuperação.

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