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Acordo fiscal nos EUA deve impulsionar ganhos da Bovespa

Se lideranças americanas conseguirem evitar o chamado abismo fiscal, os mercados acionários devem encontrar espaço para intensificar os ganhos no curto prazo


	BMF&Bovespa: principal índice brasileiro de ações, Ibovespa, acumula alta de 5,2% em dezembro, que pode ganhar força com o fim do impasse nos EUA
 (©AFP / Yasuyoshi Chiba)

BMF&Bovespa: principal índice brasileiro de ações, Ibovespa, acumula alta de 5,2% em dezembro, que pode ganhar força com o fim do impasse nos EUA (©AFP / Yasuyoshi Chiba)

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Da Redação

Publicado em 19 de dezembro de 2012 às 11h48.

São Paulo - Se as expectativas mais otimistas se confirmarem e as lideranças dos Estados Unidos conseguirem evitar o chamado "abismo fiscal", os mercados acionários devem encontrar espaço para intensificar os ganhos no curto prazo, movimento que deve ser replicado na bolsa paulista.

O principal índice brasileiro de ações, Ibovespa, acumula alta de 5,2 por cento em dezembro --se o mês terminasse agora, esse seria o melhor desempenho desde janeiro, quando o indicador subiu 11,13 por cento.

Esse movimento pode ganhar força, pelo menos no curto prazo, caso republicanos e democratas nos EUA cheguem a um acordo sobre como evitar que cortes de gastos e aumentos de impostos entrem automaticamente em vigor em 2013 --o que ameaçaria jogar a maior economia mundial novamente em recessão.

"Esse é o principal foco dos investidores e sem dúvida a bolsa poderia encontrar espaço para avançar um pouco mais se for anunciado um acordo nos EUA", disse o sócio da Órama Investimentos Álvaro Bandeira, no Rio de Janeiro.

Já uma eventual falta de consenso sobre o orçamento dos EUA até o fim do ano motivaria investidores a vender ações e realizar ganhos recentes.

"Um acordo abriria espaço para um rali de curto prazo, mas se isso não acontecer, vamos ver uma realização mais forte no mercado", disse o sócio da Humaitá Investimentos Guido Chagas, em São Paulo. "Ainda acho prematuro esse bom humor do mercado." Graficamente, o Ibovespa mostra viés positivo e pode encontrar espaço para subir aos 63.428 pontos, segundo o analista técnico João Marcello Schoenberger, da Ágora Corretora no Rio de Janeiro. Em sentido oposto, o índice encontra suporte importante nos 57.128 pontos.

O desconto da bolsa brasileira frente a mercados emergentes e aos principais índices globais é outro fator que pode contribuir para sustentar um avanço do Ibovespa, segundo analistas.

Enquanto o Ibovespa acumulava alta de 6,5 por cento no ano, o principal índice da bolsa do México avançava cerca de 18 por cento e o norte-americano S&P 500 tinha valorização de cerca de 15 por cento.


Mesmo que consiga acelerar os ganhos nos últimos pregões de 2012, ainda assim o Ibovespa deve continuar longe das máximas deste ano observadas em março, quando o índice chegou a se aproximar dos 70 mil pontos.

Para o ano que vem, as estimativas são de otimismo moderado. "2013 será um ano de recuperação, mas é pouco provável que seja um ano fantástico", disse Chagas, citando que as persistentes preocupações sobre o ritmo de crescimento global devem seguir limitando um avanço mais sustentado dos mercados acionários.

Pesquisa feita pela Reuters com 22 analistas recentemente mostrou que o Ibovespa deve registrar ganhos modestos em 2013 e encerrar o ano no patamar de 68 mil pontos.

Recursos externos

A melhora do mercado brasileiro em dezembro tem sido acompanhada de um movimento mais intenso de retorno de investidores estrangeiros às ações locais.

O saldo de recursos externos na Bovespa estava positivo em 1,4 bilhão de reais em dezembro, até dia 14, segundo os últimos dados publicados no site da BM&FBovespa.

Essa pode ser a maior entrada mensal de estrangeiros na bolsa desde janeiro, quando o saldo externo ficou positivo em 7,17 bilhões de reais.

Mas no acumulado do ano houve retirada líquida de 463 milhões de reais em recursos externos da Bovespa.

"Com as preocupações sobre o intervencionismo do governo (brasileiro) mais bem precificadas e a situação na Europa um pouco mais clara, muda a percepção de risco e permite estrangeiros ampliarem suas apostas no crescimento da nossa economia", disse o gerente da área de varejo da corretora Souza Barros, Daniel Garcia, em São Paulo.

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