BTG: ações se estabilizaram algumas horas após a abertura, sinalizando para alguns traders que o BTG estava comprando suas próprias ações (Gustavo Kahil / Exame.com)
Da Redação
Publicado em 9 de dezembro de 2015 às 19h20.
As ações do Grupo BTG Pactual se estabilizaram perto de R$ 15 durante mais de cinco horas na terça-feira em meio a especulações de que o banco estava intervindo para apoiar suas ações e deter a maior queda desde a prisão do fundador bilionário André Esteves.
As ações caíram 15 por cento em São Paulo na terça-feira, completando uma perda de 52 por cento desde que Esteves foi preso em 25 de novembro.
Enquanto o volume negociado foi mais de quatro vezes a média dos últimos três meses, as ações se estabilizaram algumas horas após a abertura, sinalizando para alguns traders que o BTG estava comprando suas próprias ações.
A corretora do BTG, que também negocia em nome de clientes, respondeu por cerca de 61 por cento das ordens de compra para a ação na terça-feira, 13 vezes a porcentagem do segundo maior comprador, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. A corretora respondeu por apenas 20 por cento das ordens de venda na terça-feira, comparado com 47 por cento dessas ordens nos primeiros 10 meses do ano.
O BTG “é o único que tem interesse em comprar”, disse Ari Santos, trader da corretora H. Commcor em São Paulo. “Não imagino alguém novo comprando essa quantidade nesse momento. Vão defender o preço com unhas e dentes.”
O BTG anunciou, em 25 de novembro, no dia em que Esteves foi preso, que seu conselho tinha aprovado um programa de recompra de 23 milhões de units em até 18 meses.
Em 1º de dezembro, o banco disse que tinha pedido autorização da Comissão de Valores Mobiliários para comprar uma participação maior do que os 10 por cento permitidos pela regulamentação e ainda não recebeu uma resposta, segundo um porta-voz do BTG. Ele não quis fazer mais comentários.
A corretora do BTG normalmente está entre os principais traders de suas próprias ações, representando quase 50 por cento do volume bruto no terceiro trimestre. “Tem alguém travando o preço”, disse Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora, de São Paulo. “Como é por meio da corretora do BTG, pode ser o próprio BTG fazendo isso. É um comportamento meio de OPA.”
Esteves, que negou irregularidades através de seus advogados, é acusado de tentar interferir no depoimento de um ex-executivo da Petrobras em uma investigação sobre corrupção que abalou a política e os negócios do país.
--Com a colaboração de Denyse Godoy e Cristiane Lucchesi.