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Ações da Visa caem 5% após processo por práticas de monopólio nos EUA

Departamento de Justiça acusa Visa de monopolizar o mercado de cartões de débito, eliminando a concorrência e elevando os custos para consumidores e empresas

Visa enfrenta processo do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. (Philippe Wojazer/Reuters)

Visa enfrenta processo do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. (Philippe Wojazer/Reuters)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 25 de setembro de 2024 às 08h44.

As ações da Visa sofreram uma queda de 5% após o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) entrar com uma ação antitruste contra a empresa. O processo alega que a Visa monopolizou ilegalmente o mercado de cartões de débito ao restringir a escolha de bancos e empresas e sufocar a concorrência de novos entrantes. As informações são da Fortune.

De acordo com o DOJ, mais de 60% dos US$ 4 trilhões (R$ 21,8 trilhões) em transações de débito realizadas anualmente nos EUA são processadas pela rede de pagamentos eletrônicos da Visa. O governo alega que a empresa utiliza essa posição dominante para impor acordos anticompetitivos, penalizando comerciantes e bancos que utilizam redes de pagamento concorrentes. Além disso, a Visa teria ameaçado novos entrantes no mercado com taxas elevadas, caso não cooperassem.

O procurador-geral Merrick Garland declarou que a Visa acumulou poder para cobrar taxas que ultrapassam os níveis aceitáveis em um mercado competitivo. Segundo ele, esses custos são repassados aos consumidores, elevando o preço de diversos bens e serviços.

Reação da Visa e impactos no mercado

Em resposta às acusações, a Visa afirmou que as alegações do DOJ são infundadas e que a empresa vai se defender vigorosamente. A conselheira geral da Visa, Julie Rottenberg, ressaltou que a Visa é apenas uma das várias concorrentes no mercado de débito, que continua a crescer. Rottenberg destacou a segurança e confiabilidade da rede da companhia, além de sua proteção contra fraudes e valor econômico que oferece.

Dados do Federal Reserve mostram que os americanos utilizam mais os cartões de débito do que qualquer outro método de pagamento, sendo o uso mais que o dobro em relação aos cartões de crédito. O impacto das práticas da Visa, de acordo com o DOJ, afeta desproporcionalmente americanos de baixa renda, que sentem mais o efeito do aumento de preços.

Ação antitruste faz parte de ofensiva mais ampla

O processo contra a Visa faz parte de uma série de ações antitruste do governo Biden, que tem intensificado sua postura nos últimos meses de seu mandato. O Departamento de Justiça já teve uma vitória significativa em agosto, quando um juiz federal decidiu que o Google monopolizou ilegalmente o mercado de buscas.

Além da Visa, o DOJ tem como alvo outras grandes empresas em setores diversos, como o de entretenimento e saúde. A Mastercard, rival da Visa, também enfrentou ação semelhante da Comissão Federal de Comércio (FTC) dos EUA, que foi resolvida no ano passado.

Apesar da queda nas ações da Visa e do impacto imediato no mercado, alguns analistas sugerem que os investidores não devem entrar em pânico. Eles apontam que o caso pode levar anos até ser resolvido nos tribunais, se chegar a julgamento. Contudo, a notícia foi suficiente para gerar inquietação entre os investidores.

A Visa e a Mastercard, juntas, têm um valor de mercado de aproximadamente US$ 1 trilhão (R$ 5,45 trilhões), consolidando-se como intermediárias dominantes no setor de pagamentos eletrônicos.

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