Elon Musk investiu alto na candidatura de Trump; parceria beneficia Tesla no cenário pós-eleitoral. (Samuel Corum/Getty Images)
Redator na Exame
Publicado em 6 de novembro de 2024 às 09h31.
Última atualização em 6 de novembro de 2024 às 09h33.
As ações da Tesla, do empresário Elon Musk, sobem 13% nesta quarta-feira, 6, nas negociações de Wall Street. Os papéis da companhia são negociados por US$ 259 no pré-mercado.
O resultado é uma reação à vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais americanas, apoiado por Musk. O presidente eleito disse que a "América ganhou uma nova estrela", ao se referir ao bilionário.
A valorização dos papéis da Tesla ocorre em meio a declarações de apoio mútuo entre Musk e Trump. No último mês, Musk doou quase US$ 75 milhões (R$ 375 milhões) para o America PAC, comitê político criado para apoiar a candidatura republicana.
Além disso, Trump prometeu nomear Musk como chefe de uma comissão de eficiência governamental, responsável por propor cortes no orçamento federal.
Com vitória de Trump, bolsas americanas, dólar e juros futuros dos EUA disparamDurante um comício no Madison Square Garden, em Nova York, em outubro, Musk discursou ao lado de Trump, afirmando que poderia reduzir em até US$ 2 trilhões (R$ 10 trilhões) o orçamento federal, caso assuma o cargo prometido.
“O governo desperdiça o seu dinheiro, e vamos resolver isso com eficiência,” disse o empresário à plateia, ao destacar a necessidade de enxugar gastos públicos.
Apesar de Trump ser amplamente visto como desfavorável a setores de energia limpa — um grupo que inclui a indústria de veículos elétricos (EV) como a Tesla — analistas acreditam que a empresa de Musk poderia se beneficiar com a ausência de subsídios para o setor. Para Dan Ives, diretor da Wedbush Securities, uma presidência de Trump poderia fortalecer a Tesla em um ambiente sem incentivos para carros elétricos, favorecendo empresas com maior escala e presença consolidada.
A ausência de subsídios pode gerar desvantagens para concorrentes menores e dificultar a entrada de veículos elétricos mais baratos, como os de fabricantes chineses, no mercado norte-americano. “Com a possibilidade de tarifas mais altas sobre produtos chineses, espera-se uma restrição de entrada de EVs da China no mercado dos EUA, o que favorece a Tesla e reduz a pressão dos concorrentes,” destacou Ives, em entrevista para a CNBC.
O desempenho da Tesla no ano, no entanto, ainda está abaixo do índice S&P 500. Até o fechamento de terça-feira, 5, as ações da companhia acumulavam alta de 1,2%, enquanto o índice geral subiu 21,2% no mesmo período. No pregão regular de terça, a Tesla registrou alta de 3,5%, encerrando uma sequência de seis quedas consecutivas.
Mesmo com a perspectiva de corte nos incentivos federais, a Tesla, que possui uma base sólida e dominância na indústria, é vista como uma das grandes beneficiadas com uma vitória de Trump, que daria a Musk um papel central nas políticas de eficiência e redução de custos governamentais.