Petrobras: no Brasil, as ações preferenciais chegaram a R$ 9,18, com queda de 9,2% (Sergio Moraes/Reuters)
Da Redação
Publicado em 16 de dezembro de 2014 às 07h31.
São Paulo - Os investidores do mercado financeiro derrubaram em quase 10% na segunda-feira, 15, as ações da Petrobras na Bolsa de Valores, fazendo o papel chegar a um dos menores níveis dos últimos dez anos. A forte queda em um único dia foi puxada principalmente pelos acionistas estrangeiros.
A empresa prometeu que, na sexta-feira, 12, divulgaria seu balanço do terceiro trimestre e não o fez. Publicou apenas um fato relevante, com alguns números de sua operação, e fez uma nova promessa: a de que fará o que for preciso para manter seu caixa e assim pagar suas dívidas sem precisar recorrer a financiamentos em 2015.
"Uma boa promessa, mas difícil de ser mantida", resumiu o banco Credit Suisse em relatório dos analistas Andre Sobreira e Vinicius Canheu.
"Para ganhar a confiança do investidor, a Petrobras terá de dar muitos detalhes trimestre a trimestre de que é capaz de fazer isso. Sem conversa fiada", disseram os analistas, lembrando das tantas promessas não cumpridas pela companhia, como metas de produção não alcançadas, mudanças de fórmulas de preços da gasolina que não foram feitas, além do fato de a empresa não ter publicado o balanço.
No começo do pregão de ontem na bolsa brasileira, as ações caíam quase 2% segundo Ricardo Kim, da XP Investimentos, e assim que os mercados nos EUA abriram, onde parte das ações da estatal é negociada, começou a derrocada.
Na Bolsa de Nova York, os American Depositary Receipts (ADRs) da Petrobras caíram 12,1%, fechando a US$ 6,08, o valor mais baixo desde março de 2003.
No Brasil, as ações preferenciais chegaram a R$ 9,18, com queda de 9,2% e atingindo a mínima desde janeiro de 2005, enquanto a ação ordinária, com direito a voto, fechou a R$ 8,52, queda de 9,94%, menor preço desde agosto de 2004.
Com variação de cerca de 10% durante a sessão, a venda dos papéis da Petrobras foi interrompida e eles entraram em leilão.
Os analistas dizem que a forte venda dos papéis se deu ainda por causa da alta do dólar ante o real, que eleva a dívida de US$ 135 bilhões da Petrobras.
Também pela intensificação do noticiário negativo para a companhia relacionado às denúncias de corrupção e por causa da queda dos preços do petróleo.
Em risco
Pelos cálculos do Goldman Sachs quase US$ 1 trilhão em projetos no setor estão em risco por causa do recuo da cotação do petróleo, segundo reportagem do jornal britânico Financial Times.
O banco Morgan Stanley não descarta a possibilidade de os preços flertarem com o patamar de US$ 40, o que poderia inviabilizar novos projetos de extração em países como Estados Unidos, Canadá e Brasil.
Ontem, o preço do petróleo estimado para janeiro foi negociado a US$ 55,91 o barril do petróleo WTI, cotado em Nova York, e o Brent, de Londres, para o mesmo mês foi avaliado em US$ 61,06.
As empresas do setor estão cortando custos, renegociando dívidas, reduzindo investimentos e até diminuindo seus quadros. No Brasil, a Petrobras diz que está tomando medidas para manter o caixa sem ter de recorrer a empréstimos.
A empresa tem R$ 30 bilhões em dívidas vencendo em 2015 e um plano de investimentos de R$ 100 bilhões. Seu caixa em setembro era de R$ 62 bilhões.
A Petrobras precisa publicar o balanço anual até 30 de junho, que dependerá do resultado das investigações internas que estão sendo feitas. A auditoria só dará seu aval após essa apuração.
Se não publicar o balanço, terá de pagar antecipadamente US$ 50 bilhões em dívidas, além das que já venceriam em 2015. O HSBC estima que a empresa ficará sem caixa no quarto trimestre de 2015. Colaboraram line Bronzati e Altamiro Silva Júnior, com Dow Jones Newswires