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Ações da Oi: o que esperar com leilões de ativos e lei de falência?

Nesta sessão, ações PN da companhia sobem 3%; operadora de telefonia inicia hoje venda de ativos, com leilões dos negócios de torres e data centers

5. Oi (REUTERS/Nacho Doce/Reuters)

5. Oi (REUTERS/Nacho Doce/Reuters)

PB

Paula Barra

Publicado em 26 de novembro de 2020 às 10h55.

Última atualização em 26 de novembro de 2020 às 17h00.

A Oi (OIBR3; OIBR4), que está em recuperação judicial desde 2016, inicia hoje mais uma importante etapa em sua transformação. A operadora de telefonia dará o pontapé inicial no processo para venda de seus ativos, com os leilões dos negócios de torres e data centers. O objetivo é levantar pelo menos 1,39 bilhão de reais com esses desinvestimentos, conforme propostas já apresentadas pela Highline do Brasil (que visa a unidade de torres) e Piemonte Holding (data centers).  

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A disputa pela divisão de torres, no entanto, ainda pode esquentar com a entrada de novos competidores. Segundo apurou o Valor Econômico, uma dessas apostas é a nigeriana IHS Towers. O jornal cita ainda que o fundo Pátria Investimentos também teria se habilitado para fazer a oferta pelo negócio, por meio de um de seus fundos de infraestrutura. 

Com isso, a Highline, que tem preferência na negociação (“stalking horse”, no jargão do mercado), pode vir a avaliar uma possibilidade de aumentar sua oferta, de 1,067 bilhão de reais, por 637 torres e 222 pontos de antenas da Oi instalados em prédios comerciais, como shoppings e hotéis. 

O primeiro leilão, para venda de cinco data centers da operadora, está previsto para ocorrer às 14h30. O segundo, para o negócio de torres, às 15h. Por conta da pandemia, os leilões ocorrerão por meio de audiências virtuais presididas pelo juízo da recuperação judicial, a 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro.  

Qual impacto nas ações?

Caso apareçam propostas novas, pode ser positivo para a ação da companhia, mas o mais importante desse processo de venda de ativos, que começa a partir de hoje, é olhar para o que vai ser a Oi daqui para frente, disse uma fonte a par do assunto à EXAME Invest. 

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Isso porque, explica, nos últimos dois anos, tudo o que tem se falado sobre Oi é olhando sobre o prisma da recuperação judicial. Cada vez que vai chegando perto dos eventos e a empresa retira da frente seus empecilhos, o mercado começa a olhar a ação com uma visão pós-recuperação judicial, comenta a fonte. 

“Somos muito positivos com o negócio de fibra, a companhia está adicionando 150 mil casas por mês. Se você olha para um provedor de médio porte, tem por volta de 100 mil. De grande porte, 500 mil. A empresa está adicionando um provedor de médio porte por mês e espalhada pelo Brasil inteiro.”

No mesmo sentido, em relatório ontem, analistas da Exame Research comentaram que, mais importante do que a oferta já recebida pelos ativos, os leilões marcam o início da venda de ativos da companhia e da redução do seu endividamento, o que é crucial para seu processo de recuperação judicial. “Outros leilões, como o da unidade de telefonia móvel e a parte da rede de fibra ótica, vão movimentar cifras bem mais relevantes”. 

Nesta sessão, as ações ordinárias da companhia subiam 2,53% às 10h56, enquanto as preferenciais avançam 3,04%. 

Lei de Falências 

Para fontes ouvidas pela reportagem, além dos leilões de hoje, tem um outro ponto que pode fazer ainda mais preço nos papéis, que foi a aprovação ontem, no Senado, da nova Lei de Falências, que busca facilitar o processo de recuperação judicial de empresas em dificuldade.

“A aprovação da lei ajuda muito o case de Oi, porque melhora a forma de negociar a dívida pública, conseguindo um haircut (desconto da dívida, no jargão do mercado) muito maior em dívidas administrativas, além de aumentar o prazo. Isso diminui muito o valor presente dessa dívida. É importante para a Oi porque a companhia tem uma dívida com a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) de 14 bilhões de reais, que pode cair para algo em torno de 6 bilhões com isso. Acho a aprovação pode fazer mais preço que os leilões em si. Parece que o mercado ainda não se atentou para isso”, disse uma fonte à reportagem. 

Próximos passos

Até o fim do ano, a companhia espera realizar ainda a venda da operação móvel, que já tem oferta de 16,5 bilhões de reais do consórcio formado pelas operadoras Claro, TIM e Vivo. O leilão está previsto para o dia 14 de dezembro. Falta ainda definir o leilão da unidade InfraCo, que deve acontecer no primeiro trimestre do ano que vem. 

Segundo fonte consultada pela reportagem, é esperado novidade sobre a oferta pela InfraCo até o fim deste ano. Em relação à venda da parte móvel, acredita que o mercado está conservador sobre o valor. "Acho que a oferta pode sair próxima de 30 bilhões de reais. O mercado duvida. Precifica que que saía no valor mínimo (de 16,5 bilhões de reais). Estou na ponta mais otimista. Tivemos recente o leilão da Copel Telecom. O preço mínimo era de 1,4 bilhão de reais e saiu a 2,4 bilhões de reais. É um ativo 10 vezes menor que InfraCo. Os números podem surpreender”. 

Desde a metade de julho, com os investidores antecipando a aprovação do aditamento da recuperação judicial da companhia (que ocorreu no começo de setembro), as ações ordinárias da Oi sobem 70%, enquanto as preferenciais avançam mais de 110%. No ano, a alta é de 137% e 152%, respectivamente.  

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