(Steve Christo - Corbis/Getty Images)
Redatora
Publicado em 29 de julho de 2025 às 15h48.
Última atualização em 29 de julho de 2025 às 16h39.
As ações da farmacêutica Novo Nordisk, fabricante do Ozempic, despencaram mais de 20% nesta terça-feira, 29, após a empresa revisar para baixo suas projeções de vendas e lucro para o ano.
A companhia espera agora um crescimento de vendas entre 8% e 14%, abaixo da estimativa anterior de 13% a 21%. A previsão de lucro operacional também foi reduzida, de 16% a 24% para 10% a 16%, ambas a taxas de câmbio constantes.
Em maio, a Novo Nordisk já havia rebaixado suas projeções para 2025 após resultados abaixo do esperado no primeiro trimestre. O relatório do segundo trimestre será divulgado em 6 de agosto.
Lars Jøregensen, que está deixando o comando da companhia, apontou que a persistência do mercado de medicamentos manipulados, ou compostos, nos Estados Unidos, é um dos principais fatores que impactaram as projeções.
Esse é um dos dois principais problemas que parecem ter pegado a empresa de surpresa. O primeiro foi a escassez de seus dois medicamentos GLP-1 após sua popularidade inesperada, criando um novo mercado de medicamentos para perda de peso.
Jørgensen disse que a culpa é da prevalência de produtos compostos, que agora estão restritos depois que o FDA declarou o fim da escassez.
Mesmo assim, o uso ilegal de versões manipuladas permanece elevado, com cerca de 1 milhão de pacientes utilizando esses produtos, segundo Jøregensen.
Produtos manipulados são versões personalizadas de medicamentos, vendidas com base em brechas regulatórias para pacientes que apresentam reações adversas aos remédios de marca.
A ex-parceira da Novo Nordisk, Hims & Hers, segue vendendo versões manipuladas da semaglutida mesmo após o fim da parceria com a farmacêutica. A Novo encerrou o acordo depois que a empresa de telemedicina se recusou a suspender a comercialização desses produtos.
A concorrente Eli Lilly aproveitou a situação e pressionou o Congresso dos EUA para reforçar a aplicação das regras do FDA contra o mercado ilegal. Jøregensen afirmou que espera a eliminação gradual dos medicamentos manipulados, o que deve possibilitar a recuperação da fatia de mercado da Novo Nordisk.
O novo CEO da empresa, Mike Doustdar, afirmou que a queda nas ações é decepcionante, mas destacou que a resposta da companhia ao desafio será determinante para seu futuro crescimento.