Empresa acredita que bebidas sem álcool vão ganhar cada vez mais terreno (Heineken/Divulgação)
Repórter colaborador
Publicado em 29 de julho de 2024 às 10h48.
A Heineken relatou nesta segunda-feira, 29, perdas de € 874 milhões (US$ 949 milhões) em seu investimento na empresa chinesa CR Beer. A Heineken disse que a baixa contábil foi resultado do declínio no preço das ações da CR Beer em meio a preocupações com a demanda do consumidor no país, e não com o desempenho operacional da empresa chinesa.
A Heineken adquiriu uma participação de 40% na controladora da China Resources Beer por US$ 3,1 bilhões em 2018. O acordo deu à Heineken um parceiro com alcance de distribuição local para "navegar" no maior mercado de cerveja do mundo. Por sua vez, permitiu que a empresa chinesa se expandisse para o segmento de cerveja premium.
Com os resultados recentes, a segunda maior cervejaria do mundo reduziu sua previsão de lucro operacional anual para uma faixa entre 4% e 8%. As vendas de cerveja, que deveriam crescer 3,4%, aumentaram apenas 2,1% no primeiro semestre.
A empresa relatou um aumento de 12,5% no lucro operacional para os primeiros seis meses do ano, um pouco abaixo da previsão de 13,2% dos analistas.
O mercado financeiro reagiu. As ações da Heineken abriram quase 7% no vermelho nesta segunda-feira.
“Estamos muito satisfeitos com um desempenho sólido no primeiro semestre”, disse o CEO da Heineken, Dolf van den Brink, ao “Squawk Box Europe” da CNBC nesta segunda-feira.
O CEO também destacou que a empresa "consolidou sua liderança" no mercado de cervejas com baixo teor alcoólico ou sem álcool, crescendo 14% nesse filão. Só nessa categoria a Heineken teve crescimento de dois dígitos em mercados como Brasil, Egito, Vietnã e Reino Unido.
A empresa afirma que, no Brasil, as receitas cresceram um dígito alto, impulsionada por melhor dinâmica de preços, venda de marcas premium e crescimento de um dígito em volumes.
A pesquisa de mercado da Heineken sugere que o crescimento em produtos com baixo teor alcoólico e sem álcool, incluindo cerveja, deve superar em muito a indústria de álcool mais ampla nos próximos anos, tornando-se um alvo importante para marcas estabelecidas, bem como para novatas.
"Na Europa e nas Américas, os custos de insumos foram muito, muito mais modestos do que no ano passado, permitindo-nos ter preços muito menores. Isso é muito importante para reequilibrar o crescimento da nossa receita tanto em volume quanto em preços”, disse Dolf van den Brink à CNBC.