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Ações da Azul e da Gol têm alta com fusão mais próxima de sair do papel

Para analistas do BTG Pactual, a formação de uma nova empresa combinada exigirá capital, mas junção pode facilitar captação de recursos com o potencial de uma "campeã nacional"

Gol: previsão é de que companhia saia do Chapter 11 até abril, o que abriria o caminho para união dos negócios (Germano Lüders/Exame)

Gol: previsão é de que companhia saia do Chapter 11 até abril, o que abriria o caminho para união dos negócios (Germano Lüders/Exame)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 9 de janeiro de 2025 às 12h36.

Última atualização em 9 de janeiro de 2025 às 12h58.

A Abra, holding que controla a Gol, está mais perto de assinar um memorando de entendimento com a Azul para discutir a combinação dos negócios, o que está dando fôlego às ações da companhia nesta quinta-feira. A ação da Azul avançava quase 5% e a da Gol, mais de 11 % perto das 12h30.  

Segundo reportagem do Valor Econômico, o documento deve ser assinado ainda em janeiro, mas a indicação não é de que a Azul fique sob o guarda-chuva da Abra – que além da brasileira é controladora da colombiana Avianca. A ideia é de que uma nova empresa seja criada para acomodar os negócios, sem ter um grupo controlador definido.  

O ponto sob o controle do que seria a nova companhia chama a atenção. Os Constantinos sempre exerceram poder na Gol, mas com a criação da Abra, sua participação direta diminuiu. Na Azul, David Neeleman reduziu consistentemente sua participação para apenas 5%.  

“Para assegurar controle, acionistas majoritários poderiam exigir pelo menos 30% de participação na NewCo”, observa o time do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) comandado por Lucas Marquiori.  

E como a Abra teria interesse em fazer uma listagem de suas ações, a fusão poderia ser um ingrediente positivo na tese de investimento, atraindo investidores pela estrutura clara de governança e potencial de criação de valor com a Abra como uma das acionistas da nova companhia.  

Com as duas empresas enfrentando altos níveis de endividamento (cenário que se agrava diante da desvalorização do real). A formação da empresa combinada exigirá capital, observa o BTG, mas uma fusão pode facilitar a captação de recursos, dado o potencial de se tornar um “campeão nacional”.  

Ainda na visão dos analistas, uma saída simples seria um acordo de troca de ações (share swap), evitando a emissão de novas dívidas. 

Para além da necessidade de capital, a potencial fusão não deve ter caminho tão fácil na avaliação antitruste. Juntas, Gol e Azul representariam cerca de 60% do mercado aéreo brasileiro.  

O argumento, porém, de “empresas em dificuldades” pode ser usado para justificar a fusão de empresas cuja única alternativa seria uma aquisição. Considerando que a Gol está em recuperação judicial e que a Azul precisa de uma grande diluição de capital, esse argumento pode se tornar eficaz. Além disso, uma estratégia para aprovação seria usar acordos de codeshare, diz o time do BTG.  

Mais do que uma união de empresas combalidas, a fusão deve ser também um caminho de sinergias. Há baixa sobreposição de rotas entre as empresas: Gol tem foco em hubs corporativos, enquanto a Azul cobre mais cidades do interior. Isso geraria ganhos em conectividade.  

Outras vantagens, pontuam os analistas do BTG, incluem a ampliação do programa de fidelidade e melhores condições de negociação de leasing (arrendamento de aeronaves). 

E mesmo a Latam, diretamente uma das afetadas e interessadas, poderia ter benefícios, na avaliação dos analistas. A chilena saiu bem mais forte operacionalmente e financeiramente de seu Chapter 11, o que dificultou a vida das duas brasileiras.  

Embora a consolidação do setor possa representar um risco, para o time do BTG, a Latam pode se beneficiar indiretamente, sem precisar comprometer capital. Isso porque, ainda que a sobreposição de capacidades entre Gol e Azul seja pequena, ela existe em hubs muito relevantes, como Guarulhos, Congonhas, Santos Dumont e Brasília. “A Latam pode aproveitar a racionalização de capacidade nesses aeroportos”, escrevem os analistas.

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