B3: Os mercados latino-americanos também se beneficiam do carry trade (Germano Lüders/Exame)
Agência de notícias
Publicado em 23 de novembro de 2023 às 13h22.
As ações latino-americanas atingiram o nível mais alto desde 2009 em relação às bolsas de outras regiões emergentes, impulsionadas pela distância de grandes conflitos geopolíticos, proximidade com os EUA, expectativas de cortes de juros do Federal Reserve e espaço para estímulo em suas próprias economias.
Uma análise comparativas de índices de referência mostra o melhor desempenho da América Latina em 14 anos frente ao Leste Europeu, Oriente Médio e África. E pela primeira vez nesse período as ações da região caminham para um segundo ano consecutivo de ganhos superiores aos papéis de mercados emergentes da Ásia.
As maiores contribuições para a alta do índice MSCI EM Latin America este ano vieram da Petrobras, Fomento Economico Mexicano e Itaú Unibanco, levando em consideração o peso dos papéis no índice. Entre as maiores altas estão também Ultrapar,a Bnco do Brasil, Vibra Energia, Banco BTG Pactual e Natura&Co.
“Atualmente, a América Latina parece ter uma vantagem”, disse Nenad Dinic, estrategista de renda variável do Bank Julius Baer em Zurique. Leste Europeu, Oriente Médio e África continuam mais vulneráveis aos riscos geopolíticos, acrescentou.
As estimativas de lucros para os membros do MSCI EM Latin America, com forte peso para as ações brasileiras, estão no nível mais alto em um ano, enquanto os múltiplos de preço são metade do que eram há três anos.
“O Brasil embarcou em um ciclo agressivo de redução de juros, enquanto a melhora das perspectivas fiscais reforçou a confiança dos investidores”, disse Dinic. “Por outro lado, a economia do México se beneficiou da narrativa do nearshoring”, como é chamado o movimento das empresas americanas de abrir fábricas no México para aproveitar os custos baixos, sem os riscos logísticos e políticos de unidades em países como a China.
Os mercados latino-americanos também se beneficiam do carry trade.
“Os mercados latino-americanos são mais sensíveis aos yields dos EUA do que os mercados do Oriente Médio, onde muitos países têm câmbio atrelado ao dólar e, portanto, o carry trade não é um impulsionador de suas moedas ou ações”, disse Ashish Chugh, gerente financeiro da Loomis Sayles.