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Ações brasileiras podem ficar ainda mais baratas com eleição

A preocupação é que a eleição traga um governo extremista, o que parece cada vez mais provável

Bolsa: o pânico visto nos mercados antes da primeira eleição não deve se repetir (Germano Lüders/Exame)

Bolsa: o pânico visto nos mercados antes da primeira eleição não deve se repetir (Germano Lüders/Exame)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 21 de setembro de 2018 às 06h15.

Última atualização em 21 de setembro de 2018 às 08h50.

(Bloomberg) -- Investidores da Franklin Templeton ao UBS estão alertando que pode ser muito cedo para se aproveitar dos preços baixos das ações no Brasil algumas semanas antes das eleições.

A preocupação que a eleição traga um governo extremista, o que parece cada vez mais provável à medida que os candidatos mais moderados lutam para atrair apoio, contribuiu para a queda de 25% do Ibovespa em dólar nos últimos seis meses. Na semana passada, índice atingiu seu nível mais baixo em dólar desde dezembro de 2016. Após anos de constantes entradas, ETFs focados em Brasil, registraram saídas líquidas de capital por dois meses seguidos.

Os pessimistas estão alertando que a queda pode continuar, lançando dúvidas sobre as previsões otimistas, incluindo a da BlackRock, que apostam que os preços das ações irão se recuperar assim que as perspectivas ficarem mais claras e um novo presidente for escolhido. O UBS diz que o Ibovespa ainda pode cair mais 15% em relação aos níveis atuais, enquanto a Franklin Templeton está favorecendo ações ligadas a commodities em seu portfólio local, em um esforço para encontrar ativos protegidos da turbulência política.

Os preços estão embutindo muito receio, mas daí para dizer que a bolsa "vai bombar" mesmo com cenário negativo "é outra conversa", disse Frederico Sampaio, diretor de investimentos da unidade brasileira da Franklin Templeton, que supervisiona R$ 2,8 bilhões em ações. “Eu olho para tudo e acho tudo muito barato. A dúvida é: Brasil é um value trap? Essa é a grande dúvida. Se formos economia de crescimento baixo, pode ser que sim."

O UBS diz que o pânico visto nos mercados antes da primeira eleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 não deverá se repetir desta vez, quando os principais candidatos são o ex-capitão da reserva de direita e o ex-prefeito de São Paulo de esquerda, escolhido a dedo pelo próprio Lula. Naquela época, as ações brasileiras despencaram antes da votação, em meio a preocupações de que Lula renegasse a dívida soberana.

Enquanto o valuation das ações, medido pelo preço/lucro estimado, caiu para o menor nível desde o início de 2016, o Brasil está muito mais sólido agora, diz o UBS, citando reservas internacionais mais altas e forte momentum para crescimento de lucros.

Se o cenário político piorar, o dólar ainda pode romper R$ 5,00, escreveram os estrategistas Alan Alanis e Sambuddha Ray em um relatório de 17 de setembro. O UBS está mantendo uma postura neutra em relação às ações brasileiras e recomenda ações defensivas ou que se beneficiam com o dólar como Suzano, Fleury e Tim.

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