São Paulo - O Ibovespa já subiu 22% em 2016, mas tem espaço para se valorizar um pouco mais no pós-Dilma. Esta é a avaliação de analistas e economistas consultados por EXAME.com.
O avanço, no entanto, vai mudar de foco: em vez de ser pautado em uma expectativa de troca de governo, passará a refletir efetivamente os eventuais impactos das medidas que deverão ser tomadas por Michel Temer, caso o atual vice assuma a presidência da República.
O Senado vota nesta quarta-feira (11) o parecer do relator Antonio Anastasia sobre o processo de impeachment de Dilma Rousseff. Uma vez aprovado, o processo é aberto e a presidente será afastada do cargo por até 180 dias.
Com Temer governando o país, investidores aguardam por medidas que prometem resgatar a confiança na economia, segundo os especialistas, e permitir uma alta "mais consciente" do mercado.
"Vai haver uma reação positiva, mas não aquela 'loucura' que a gente viu quando começaram as discussões em torno do impeachment", disse Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos.
Isso vai depender, continuou Müller, da confirmação dos nomes que irão compor a equipe econômica e do comprometimento do novo governo com o corte em gastos públicos.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, uma das medidas de Temer para enxugar os desembolsos do governo seria cortar de 32 para 22 o número de ministérios.
Na futura equipe econômica, Henrique Meirelles, dado como certo para o comando da Fazenda, terá uma prioridade: a reforma das regras de acesso à aposentadoria, de acordo com o jornal O Estado de S.Paulo.
A escolha do economista-chefe do Itaú Unibanco Ilan Goldfajn para liderar o Banco Central também agradou aos investidores. A avaliação é de que ele tomará decisões mais pró-mercado do que a atual gestão de Alexandre Tombini.
"Tudo isso vai trazer de volta a confiança aos empresários, que deixaram de investir com o cenário nebuloso, e aos consumidores, que deixaram de gastar com o aumento do desemprego", afirmou o analista-chefe da Geral Investimentos.
Para Eduardo Velho, economista-chefe da Invx Global, o resgate da confiança e da previsibilidade econômica deve reduzir o risco-país, o que beneficiaria o valor das empresas e abriria espaço para novas altas da Bolsa.
"Temer e sua equipe econômica sabem a importância dessas medidas. Não há espaço para errar. Algumas das alternativas que têm sido debatidas possuem efeito imediato, por isso o ânimo no mercado deve continuar", disse.
Correção?
Apesar de admitir que vê espaço para a Bolsa subir um pouco mais nas próximas semanas, Ignacio Rey, economista da Guide Investimentos, afirmou que também está maior o risco de uma correção em algum momento do cenário pós-Dilma.
"Em fevereiro, adotamos uma estratégia mais agressiva para aproveitar a tendência de alta com expectativas políticas. Há duas semanas, colocamos o pé no freio. Não significa que a alta se esgotou, mas estamos um pouco mais cautelosos", disse.
Segundo ele o "timming das escolhas" do eventual novo governo é essencial. "Será preciso entregar resultados que podem não vir no ritmo que o mercado espera."
O desafio é grande: se assumir, Temer pegará um país com inflação acima de 9% em 12 meses, desemprego em dois dígitos e deficit primário previsto de 1,6% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2016.
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1. Ações
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1/12 (REUTERS/Bruno Domingos/Files)
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2. Banco do Brasil (BBAS3)
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2/12 (Divulgação/Banco do Brasil)
Avaliação da Gradual: "Controlado pelo Estado, acredito que apresente o maior rali dos bancos em caso de impeachment, apresentando os múltiplos mais descontados do setor, especialmente por sua gestão estatal."
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3. BM&FBovespa (BVMF3)
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3/12 (BM&FBovespa/Divulgação)
Avaliação da Gradual: "Acredito que o ativo também tende a ser muito beneficiado pelas expectativas melhores dos ativos brasileiros e de crescimento de volume de investimentos estrangeiros em caso de troca de governo."
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4. Cemig (CMIG4)
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4/12 (Divulgação/Divulgação)
Avaliação da Gradual: "O ativo se desvalorizou com as incertezas sobre o setor após a perda da concessão de 3 usinas (São Simão, Jaguara e Miranda), que não foram renovadas em 2012. Uma troca de governo, com maior clareza de regras ao setor, pode beneficiar a companhia a recompor esta capacidade perdida com retornos mais competitivos."
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5. Copel (CPLE6)
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5/12 (Divulgação)
Avaliação da Gradual: "Controlada pelo estado do Paraná, a companhia apresenta múltiplos bem interessantes e oportunidades no curto prazo, e um processo de impeachment potencializaria esta oportunidade."
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6. Eletrobras (ELET6)
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6/12 (Adriano Machado/Bloomberg)
Avaliação da Gradual: "O ativo tende a ser muito beneficiado em caso de troca de governo, que deve acelerar a privatização de algumas de suas distribuidoras. Além disso, a companhia já não vem sendo mais participante em todos leilões de geração e transmissão (atuava praticamente como uma segurança do governo, que mesmo se o leilão não fosse benéfico para a companhia, a companhia arrematava por conta de necessidades do governo), e esta tendência deve sessar no caso estudado, abrindo espaço para maior valorização e rentabilização dos seus ativos."
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7. Gerdau Metalúrgica (GOAU4)
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7/12 (Gerdau SA/via Bloomberg News)
Avaliação da Gradual: "A companhia que controla a Gerdau apresenta fortes quedas com a retração da demanda do setor, porém em um momento de maior otimismo tende a apresentar forte valorização."
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8. Kroton (KROT3)
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8/12 (Germano Lüders/EXAME)
Avaliação da Gradual: "O setor educacional tende a continuar a apresentar recuperação em caso de troca de governo, podendo ter mais clareza de regras e menores interferências, além de mais recursos provenientes de programas federais de incentivo a educação."
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9. Petrobras (PETR4)
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9/12 (Bloomberg)
Avaliação da Gradual: "A companhia tende a apresentar um forte rali, já que os casos de corrupção e a política de combustíveis da companhia estão muito atreladas ao governo atual, o que seria uma oportunidade de curto prazo em caso de mudança do governo."
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10. Sabesp (SBSP3)
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10/12 (SABESP/Divulgação)
Avaliação da Gradual: "A companhia apresentou fortes quedas com a crise hídrica, porém acredito que já tenha oportunidade para recuperações adicionais também em caso de impeachment e com as maiores chuvas esperados no próximo verão."
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11. Triunfo Participações (TPIS3)
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11/12 (Divulgação)
Avaliação da Gradual: "É a companhia do setor de concessões (atua em rodovias, portos e aeroportos) que apresenta os múltiplos mais descontados no momento, em processo de redução de endividamento e com fluxos de caixa futuros muito estáveis."
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12. Veja agora as empresas que mais ganharam valor na América Latina e EUA
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12/12 (Thinkstock)