Mercados

Acionistas da Nokia enfrentarão mais problemas

As ações da empresa já caíram 29% desde o anúncio de adesão ao sistema operacional Windows Phone

As ações da Nokia continuam a ser negociadas por cerca de 12 vezes a projeção anual de lucro da empresa (Nokia/Divulgação)

As ações da Nokia continuam a ser negociadas por cerca de 12 vezes a projeção anual de lucro da empresa (Nokia/Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de março de 2011 às 21h33.

Helsinque - A caixa ainda traz  o logotipo da Nokia, mas os investidores da empresa podem considerar que a semelhança para por aí.

A recente decisão da companhia finlandesa de abandonar sua plataforma de software, líder de mercado, e substitui-la pelo sistema operacional Windows Phone, que ainda não foi testado, causou queda de 29 por cento no preço de suas ações.

Mas nem mesmo essa queda drástica reflete o potencial efeito da nova estratégia da Nokia.

A velha Nokia era uma empresa de telefonia que oferecia software e serviços, mais parecida com a Apple, e essa combinação valia certo ágio para suas ações.

Mas a nova Nokia se concentrará em produzir o melhor hardware possível para a plataforma de software da Microsoft, a exemplo do que fazem fabricantes de computadores como a Dell e a Hewlett-Packard.

Se aplicarmos um múltiplo semelhante ao que a Dell desfruta sobre sua receita, as ações da Nokia teriam valor de 4,1 euros e não de 5,8 euros, a cotação que tinham na sexta-feira.

As ações da Nokia continuam a ser negociadas por cerca de 12 vezes a projeção anual de lucro da empresa, o que acompanha sua avaliação nos dois últimos anos, enquanto as fabricantes de computadores com as quais ela se tornará mais parecida estão cotadas a múltiplos bem inferiores a 10.

O analista Pierre Ferragu, da Sanford Bernstein, disse que as ações da Nokia não devem ser avaliadas por múltiplo superior a 10 ou 11 vezes o lucro da empresa, dadas as dúvidas quanto ao sucesso de sua decisão de abandonar seu próprio sistema operacional.


A Nokia mesma admitiu que optar pelo Windows Phone era uma aposta de risco, já que o sucesso da Apple e do Google tornou a situação mais difícil para os concorrentes.

"A plataforma Windows Phone é uma adição recente e ainda não comprovada ao mercado dos celulares inteligentes de alto preço, e no momento conta com adoção e projeção muito baixa entre os consumidores, se comparada às plataformas Android e Apple", afirmou a Nokia em seu balanço anual, divulgado na semana passada.

O trabalho nos primeiros celulares inteligentes Nokia com software Microsoft já começou, antes da conclusão do acordo entre as duas empresas, disse Stephen Elop, presidente-executivo da Nokia, à Reuters.

Além disso, nas próximas semanas e meses, a Nokia provavelmente vai enfrentar problemas de oferta de componentes eletrônicos para seus produtos por causa da crise vivida pelo Japão.

E complementando o quadro difícil, muitos analistas acreditam que a Nokia definiu metas não realistas para a mudança promovida em seu modelo de negócios e, com isso, a ação da empresa pode cair mesmo abaixo do valor de seus pares fabricantes de hardware.

"Quando as margens caem, os investidores tendem ao pânico", disse Tero Kuittinen, analista da MKM Partners.

A Nokia enfrenta uma difícil tarefa de tentar vender sua linha de produtos Symbian aos consumidores e operadoras em 2011 e 2012 antes da troca da plataforma pelo Windows Phone.

A companhia afirmou no mês passado que planeja vender 150 milhões de celulares Symbian antes de trocar a plataforma, mas analistas disseram que é improvável que a empresa atenda a meta e alertaram que as vendas de outros produtos da empresa também podem ser afetadas.

Acompanhe tudo sobre:AcionistasAçõesEmpresasEmpresas americanasempresas-de-tecnologiaIndústria eletroeletrônicaMicrosoftNokiaSmartphonesTecnologia da informação

Mais de Mercados

Mercado intensifica aposta em alta de 50 pontos-base na próxima reunião do Copom

Ação da Agrogalaxy desaba 25% após pedido de RJ e vale menos de um real

Ibovespa fecha em queda, apesar de rali pós-Fed no exterior; Nasdaq sobe mais de 2%

Reação ao Fomc e Copom, decisão de juros na Inglaterra e arrecadação federal: o que move o mercado