Prumo: a Prumo é a antiga LLX, criada por Eike Batista (foto/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 17 de novembro de 2016 às 20h23.
Última atualização em 29 de novembro de 2016 às 20h47.
São Paulo - Um acionista minoritários da Prumo encaminhou uma carta ao conselho de administração da companhia e à Comissão de Valores Mobiliários questionando a decisão da controladora EIG de fechar o capital da empresa de infraestrutura e logística brasileira e retirá-la do Novo Mercado, principal nível de governança da BM&FBovespa.
O acionista Roberto Lombardi de Barros questiona essa decisão em particular porque ela foi anunciada quatro dias depois de a Prumo concluir uma operação de aumento de capital, em que convidou todos os acionistas a colocar mais recursos na empresa para reforçar seu capital de giro e reduzir o endividamento.
A Prumo é a antiga LLX, criada por Eike Batista. A EIG está no controle desde 2013, depois que o empresário e seu Grupo X enfrentaram sérias dificuldades.
No 14 dia de outubro, a controladora EIG ofereceu para os acionistas 6,69 reais por ação para retirar a empresa da bolsa. Esse foi o mesmo valor da operação de aumento de capital, anunciada em 26 de julho e cujo preço foi definido a partir da média das cotações de dois meses anteriores ao anúncio.
No aumento de capital, concluído em 10 de outubro, a empresa levantou 660 milhões de reais, ou 89% do valor máximo pretendido.
A EIG ficou com as sobras do aumento de capital e elevou a sua participação na Prumo para 76,7%. Para o acionista, o objetivo do aumento de capital, em vez de melhorar a situação financeira da empresa, seria “ajudar a pautar o preço “ da oferta para retirar a empresa da bolsa.
O acionista destaca que essa já é a terceira vez que o controlador da Prumo tenta fechar o capital da companhia. A primeira foi em 2012, quando Eike Batista ainda estava no comando.
A operação não se concretizou porque um laudo chegou a valor econômico por ação da companhia superior ao oferecido pelo controlador.
Depois, em dezembro de 2015, a EIG, já no controle, ofereceu 1,15 real por ação, e a oferta não foi diante porque não foi aprovada pelos bancos credores da empresa. Em março, a Prumo informou que desistiu dessa segunda oferta, para retomá-la sete meses depois.
Escolheu dessa vez o preço do aumento de capital, que foi, na avaliação do minoritário, baseado em cotações de mercado distorcidas pelo fato de a empresa ter pequena liquidez, até mesmo por já ter sido alvo três vezes de ofertas de fechamento de capital.
“A distorção de preço é ainda maior se pensarmos que a Prumo está para se tornar plenamente operacional e lucrativa”, conforme destacou a própria empresa ao divulgar os resultados do terceiro trimestre, escreveu o acionista.
Para ele, o preço das ações da Prumo nessa operação deverá ser no mínimo o valor econômico, calculado por um laudo de avaliação.
Barros destaca em seu questionamento que o conselho de administração da companhia chamou os acionistas a participar do aumento de capital.
No entanto, agora, com relação ao cancelamento de registro de companhia aberta, o conselho preferiu não se manifestar, alegando que para poder fazer uma análise do assunto seria necessário conhecer informações que só estarão disponíveis quando for divulgado o edital da oferta pública para a retirada da empresa da bolsa.
Mas antes mesmo do edital, observa o acionista na carta, decisão de retirar a Prumo do Novo Mercado , com voto do controlador, será tomada.
Barros destaca que há membros no conselho de administração e na diretoria da Prumo que fazem parte ou têm ligações estreitas com alta administração da EIG.
"É difícil imaginar que não soubessem das intenções do EIG de fechar o capital da companhia” quando chamaram o aumento de capital, escreveu o acionista na carta encaminhada ao conselho da Prumoe à Comissão de Valores Mobiliários.
A Prumo marcou assembleia para 25 de novembro para avaliar o fechamento de capital e o acionista pediu À Comissão de Valores Mobiliários que suspenda a assembleia.
Procurada, a Prumo informou apenas que a decisão de fechar o capital é do controlador e que segue o trâmite determinado pela legislação e regras da CVM.A EIG não atendeu a pedido de entrevista.