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Ação do Pão de Açúcar perde vigor após forte alta

São Paulo - A ação do Pão de Açúcar perdia o vigor exibido mais cedo nesta quarta-feira e operava em baixa, após avançar até 12 por cento pela manhã em meio à cobertura de posições após o anúncio na véspera do plano de fusão com o Carrefour no Brasil. A proposta do empresário Abílio Diniz […]

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Da Redação

Publicado em 29 de junho de 2011 às 14h52.

São Paulo - A ação do Pão de Açúcar perdia o vigor exibido mais cedo nesta quarta-feira e operava em baixa, após avançar até 12 por cento pela manhã em meio à cobertura de posições após o anúncio na véspera do plano de fusão com o Carrefour no Brasil.

A proposta do empresário Abílio Diniz --com apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)-- para unir o Pão de Açúcar à unidade brasileira do Carrefour irritou o Casino, concorrente do Carrefour na França e hoje principal sócio de Diniz.

Após terem disparado 12,6 por cento na terça-feira, as ações do Pão de Açúcar mostravam bastante volatilidade neste pregão, com forte volume de negócios.

O papel chegou a avançar 12,10 por cento na máxima desta quarta-feira. De acordo com operadores, a cobertura de posições vendidas foi um dos fatores para explicar a alta expressiva dos papéis.

"Teve 'short squeeze' com certeza, ontem e hoje", disse o operador Leonardo Bardese, da BGC Liquidez.

Às 14h39, entretanto, a ação da empresa invertia o sinal e recuava 0,87 por cento, para 72,61 reais, com giro de 1,2 bilhão de reais --mais de um quarto de todo o volume da bolsa paulista. O Ibovespa marcava oscilação positiva de 0,17 por cento.

"Quando há algum boato, vemos maior volatilidade, e tem muita gente que opera em cima disso. Como o papel começou a puxar muito ontem e muita gente estava vendida, o pessoal começou a cobrir posições, alimentando uma cadeia de compra", disse o gerente da mesa de ações da Hencorp Commcor Corretora, Ari Santos.

Segundo ele, a volatilidade deve ser interpretada como "natural", considerando as incertezas quanto aos rumo que a proposta de aliança de Pão de Açúcar e Carrefour no Brasil deve tomar.

Se a operação for confirmada, a empresa resultante teria 27 por cento do varejo brasileiro. O ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, disse que a união proposta abriria uma "porta importantíssima" para os produtos brasileiros no exterior.

Na terça-feira, a corretora Raymond James também havia comentado que as ações do Pão de Açúcar operavam com um desconto de cerca de 13 por cento em relação ao restante do setor no Brasil, o que dava margem para uma alta expressiva.


Busca por influência?

Profissionais de mercado também levantaram a possibilidade de que acionistas como o Casino estejam comprando ações do Pão de Açúcar no mercado para reforçar a posição na companhia brasileira. Duas corretoras estrangeiras eram os principais destaques na compra, sustentando a alta no momento mais agudo do dia.

Na terça-feira, contudo, a diretoria e os principais acionistas do Pão de Açúcar foram orientados a não negociarem ações da empresa, seguindo diretrizes da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em casos de anúncios de fusões e aquisições.

O Casino, que acionou arbitragem internacional contra o sócio Diniz no mês passado, chamou a proposta de fusão do Pão de Açúcar com o Carrefour no Brasil de "ilegal".

A proposta de união prevê a conversão das ações preferenciais do Pão de Açúcar em ordinárias, com direito a voto.

Analistas mostram cautela

Diante da valorização expressiva das ações da varejista vista na terça-feira e na manhã desta quarta, analistas temem que a empolgação inicial tenha ido longe demais.

O Deutsche Bank, por exemplo, rebaixou a recomendação dos papéis do Pão de Açúcar para "manter", esperando por mais clareza no processo.

"Na nossa opinião, não é tão óbvio que o acordo venha a ser aprovado pelo Casino, um dos controladores do Pão de Açúcar", escreveram analistas do Deutsche em relatório.

O Citigroup também mostrou ceticismo, afirmando que, mesmo que o Casino aprove o acordo, há riscos em potencial para os acionistas locais, como a diluição de minoritários e a exposição ao mercado europeu via uma participação no Carrefour.

O Itaú BBA é outro que olha para o acordo com um pé atrás. Em relatório, a instituição até cita até a possibilidade de que o Casino se alie ao Wal-Mart para fazer frente à aliança entre Carrefour e Pão de Açúcar.

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