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Ação da Vale ultrapassa preço registrado antes de tragédia de Brumadinho

Próximo do aniversário do rompimento de barragem, investidores se mostram otimistas com papéis da companhia

Vale: pela primeira vez, ação da companhia ultrapassa cotação registrada antes de rompimento de barragem em Brumadinho (Victor Moriyama/Bloomberg)

Vale: pela primeira vez, ação da companhia ultrapassa cotação registrada antes de rompimento de barragem em Brumadinho (Victor Moriyama/Bloomberg)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 14 de janeiro de 2020 às 17h49.

Última atualização em 14 de janeiro de 2020 às 18h09.

São Paulo - A tragédia que devastou a cidade de Brumadinho (MG) e deixou mais de 250 mortos completará um ano no próximo dia 25. Embora a memória amarga ainda esteja fresca, nesta terça-feira (14), a ação da companhia chegou a ser negociada por 56,35 reais, cada uma, ultrapassando pela primeira vez a cotação registrada antes do rompimento da barragem de Córrego do Feijão, quando o papel da mineradora valia 56,15 reais.

Nos Estados Unidos, as ADRs (recibos de ações) da companhia subiram 20% desde o acidente, mas ainda precisam se valorizar 10% para voltar ao preço de antes. 

Nesta terça, as ações da Vale chegaram a subir 1,9% tendo no radar a negociação da compra da fatia de 45% da Cemig na elétrica Aliança Energia, noticiada pelo Valor. A mineradora, no entanto, afirmou à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) que não há qualquer vínculo contratual a respeito da aquisição, mas admitiu que estuda operações alinhadas à estratégia de ser autoprodutora de energia limpa até 2030. De acordo com a publicação, a parte da Cemig na Aliança é avaliada em 2 bilhões de reais.

Analistas do Itaú BBA vêem a possível negociação como positiva por considerar o possível custo de aquisição como relativamente baixo. Em relatório, eles ainda destacam que, com a a participação na Aliança, a Vale reduziria "significativamente" os gastos com energia.

As perspectivas para as ações da Vale são otimistas. Em levantamento feito por EXAME com 20 corretoras, bancos e casas de análises, 13 recomendaram as ações da Vale para a carteira de janeiro. No mês (dia 2 de janeiro até dia 14), o ativo acumulava valorização de 3,75%, podendo ultrapassar a alta de 9,47% alcançada em dezembro - a maior alta mensal em 15 meses.

Apesar da forte apreciação no fim do ano passado, em 2019, o desempenho do papéis da mineradora ficaram bem abaixo da média de mercado. Enquanto o Ibovespa terminou o ano em alta de 31,58%, as ações da Vale subiram 4,51%. 

Além do rompimento da barragem, que teve forte impacto sobre a produção da mineradora, um dos fatores que pesaram sobre a empresa na Bolsa foi a suspensão de dividendos em razão do acidente. A normalização dos pagamentos, aguardada para este ano, pode servir de gatilho para os papéis da empresa. Em dezembro, a Vale chegou a aprovar a distribuição de 7,2 bilhões de reais para seus acionistas por meio de juros sobre capital próprio, mas voltou atrás.

A melhora das perspectivas sobre a economia global também é vista como positiva para os papéis da Vale, sensível ao preço do minério de ferro. No último mês, a commodity subiu 8,09% tendo no radar a promessa de um acordo comercial entre China e Estados Unidos, que deve ser assinado ainda nesta semana. 

Segundo Luiz Caetano, analista da Planner Investimentos, a distensão entre os dois países tendem a ser “extremamente positiva” para ação da companhia, uma vez que impulsiona o crescimento da China, maior importadora de minério de ferro do Brasil. 

Caetano também espera pela melhora da produção da companhia com a retomada das atividades em minas que tiveram trabalhos suspensos em função do rompimento da barragem de Brumadinho. 

No terceiro trimestre de 2019, a companhia produziu 86,7 milhões de toneladas de minério de ferro - quantia 17% inferior na comparação anual, mas 35% acima da produção apresentada no segundo trimestre. O analista da Planner espera que o ritmo de crescimento se repita no balanço do quarto trimestre e ao longo de 2020.

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