Armas; Posse de armas; Arma de fogo; Taurus (Diego Vara/Reuters)
Tais Laporta
Publicado em 19 de junho de 2019 às 11h54.
Última atualização em 19 de junho de 2019 às 12h07.
As ações da fabricante de armas Taurus chegaram a cair 5,4% na manhã desta quarta-feira (19), após o Senado ter derrubado o decreto editado pelo presidente Jair Bolsonaro para flexibilizar as regras de posse e porte de armas no país. Perto das 11h34, os papéis preferenciais (PN) recuavam 1,8%, a R$ 3,25 cada.
Por 47 votos a favor e 28 contrários, os senadores decidiram aprovar projeto que susta o polêmico decreto, promessa de campanha do então candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro. A decisão ainda não é definitiva, pois ainda deve seguir para a Câmara dos Deputados.
O governo trabalhou pela manutenção dos efeitos do decreto, que ganhou holofotes nos últimos dias. Desde o fim de semana, Bolsonaro tem utilizado seu perfil do Twitter e dado várias declarações a favor do decreto.
Entre as mudanças pretendidas estavam a facilitação do acesso a armas mais potentes, a possibilidade de comprar mais munições e alterações às regras para o embarque de passageiros armados em voos no Brasil.
Efeito Bolsonaro
Desde a vitória eleitoral de Jair Bolsonaro, a Taurus virou uma das empresas mais voláteis da bolsa, acumulando forte valorização. O então candidato ao governo afirmava que pretendia facilitar o acesso a armas de fogo e acabar com o “monopólio da Taurus” ainda durante a campanha. Mas medidas mais recentes, como o decreto que facilita a posse e o porte de armas, impulsionaram as ações da companhia.
O valor de mercado da companhia chegou a crescer seis vezes entre setembro e outubro do ano passado, em meio ao debate sobre a flexibilização do porte e posse de armamentos. Contudo, desde o início do ano, as ações da fabricante de armas perdiam 44% até o fechamento de ontem.
Com capital aberto desde 1982 e baixa liquidez na bolsa, a Taurus tem recuperado o desempenho operacional nos últimos tempos, saindo de resultado operacional negativo no ano passado. A empresa gaúcha se beneficia do R-105, um regulamento do Exército de 1936 que restringe a importação de produtos controlados fabricados no país. Isso faz com que o governo brasileiro praticamente só compre armas leves — as de uso individual, como pistolas — da Taurus, a única empresa nacional em condições de atender às exigências dos editais.
A companhia tem se preparado para enfrentar a possível chegada da concorrência internacional, ao mesmo tempo em que se arma para ganhar com a possível corrida armamentista. Assim como seus clientes, seus acionistas também precisam de sangue frio para aguentar os solavancos.