BRF: ação subia mais de 11% perto das 11h (Rodolfo Buhrer/Reuters)
Publicado em 31 de maio de 2023 às 11h07.
Última atualização em 31 de maio de 2023 às 12h14.
A ação da BRF (BRFS3) começou a quarta-feira, 31, em forte alta, refletindo a notícia de que o Saudi Agricultural and Livestock Investment Company (Salic), fundo soberano da Arábia Saudita, apresentou um compromisso de subscrição de até 250 milhões de novas ações em uma eventual oferta primária. Às 10h50, as ações avançavam mais de 11%, para R$ 8,08.
Pela cotação do último fechamento, de R$ 7,27, o aporte do fundo saudita na BRF seria de cerca de até R$ 1,8 bilhão. O investimento, no entanto, está sujeito a algumas condições. Já as ações da Marfrig (MRFG3), que é uma das acionistas relevantes da BRF, avançam 5,28%, para R$ 6,58, com a perspectiva do acordo ajudar a aumentar sua participação na empresa perto de 39%.
Para a casa de análises Ativa, a notícia é relevante e positiva para a BRF, "dadas as circunstâncias que a empresa vem atravessando".
Entre as condicionantes impostas pela Salic, que também é acionista da Minerva (BEEF3), está o preço da oferta não ser superior a R$ 9 por ação e o número agregado de ações ser igual a não menos que 2/3 do valor do compromisso alocado para a Salic na oferta. Considerando o preço máximo por ação, só o investimento da Salic na oferta seria de R$ 2,25 bilhões e levaria o fundo a deter 16% da BRF.
A Salic ainda coloca como condição para o investimento outros pontos:
A Marfrig, vale ressaltar, é a maior acionista da BRF, com 33,27% da empresa. A participação beira o limite dos 33,33% estabelecido pelo artigo 41 do Estatuto Social da BRF para que tivesse que realizar uma OPA.
Com a exclusão do artigo sendo uma das condicionantes para o investimento da Salic a Marfrig conseguiria aumentar sua fatia na empresa para além de um terço ao participar da eventual oferta. A perspectiva é de que a Marfrig passe a deter perto de 39% do capital social da BRF.
Para o cenário de juros altos, o operacional da BRF (BRFS3), dona da Sadia e da Qualy, tinha que ter sido mais forte, mas não foi o que aconteceu no primeiro trimestre para a companhia. Enquanto o mercado interno demonstrou resiliência, as exportações sofreram com o excesso de oferta da proteína de frango e os preços não foram competitivos, levando a companhia a um prejuízo líquido de R$ 1,03 bilhão no período, 35% a menos do que o prejuízo de R$ 1,57 bilhão no ano anterior.
Ainda que o resultado tenha sido no campo negativo, há bons números a se observar no resultado da BRF. A receita líquida cresceu 9,4%, para R$ 13,2 bilhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado ficou 300% maior, a R$ 607 milhões, com a margem também demonstrando forte melhora: passou de 1,3% para 4,6%.