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Aberturas de capital enfrentam desconfiança em 2010

São Paulo - As empresas que foram ao mercado captar recursos por meio de uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) este ano têm obtido um valor menor do que o esperado por seus papéis. As três primeiras ofertas realizadas em 2010 saíram com o preço por ação abaixo do piso da […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h44.

São Paulo - As empresas que foram ao mercado captar recursos por meio de uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) este ano têm obtido um valor menor do que o esperado por seus papéis. As três primeiras ofertas realizadas em 2010 saíram com o preço por ação abaixo do piso da faixa indicada pelos bancos coordenadores das operações. Especialistas e executivos de bancos de investimento atribuem a dificuldade em obter condições melhores nos IPOs ao receio dos investidores com empresas novas no mercado e às incertezas no exterior - de onde vem a maior parte dos recursos para as operações.

Na análise do sócio-diretor da consultoria BDO, Henrique Campos, o valor mais baixo obtido nas ofertas deve fazer com que várias empresas que estão prontas para abrir capital acabem adiando os planos para o ano que vem. "As condições de mercado só devem ficar ideais para os IPOs a partir do primeiro semestre de 2011. Até lá, apenas quem possui projetos estratégicos para o curto prazo deverá lançar ações", diz.

O preço por ação nas ofertas iniciais é definido conforme os pedidos recebidos dos investidores durante o processo de coleta de intenções de investimento - conhecido como book building -, que tem como base a faixa de preço indicativa estipulada pelos bancos contratados pela companhia para coordenar a oferta.

Em tese, esse valor precisa ser atrativo o suficiente para contemplar os interesses dos investidores, que esperam pagar um preço que proporcione um potencial de valorização após a estreia na Bolsa, e dos controladores da empresa, que desejam obter o maior valor possível pelos papéis.

Como um preço por ação mais elevado também beneficia os bancos, cuja comissão é vinculada ao valor captado pela companhia, existe sempre a desconfiança de que a empresa tenha sido avaliada por um valor superior ao que seria justo. Para Ricardo Almeida, professor de finanças do Insper, isso pode ter acontecido em 2007, auge da febre dos IPOs no País. "Como a demanda pelas ações naquela época era muito grande e os papéis costumavam apresentar alta na estreia na Bolsa, os bancos podem ter aproveitado para jogar os preços de algumas empresas para cima", diz.

Com a crise e o desempenho ruim de parte das empresas que abriram capital naquela leva - várias delas ainda hoje são cotadas a preços inferiores aos da estreia -, o apetite do mercado por IPOs acabou sendo reduzido, segundo Almeida. "O resultado é que, nas ofertas deste ano, ainda que o preço não parecesse alto, os potenciais investidores acabaram optando por esperar e comprar as ações após a estreia", diz.

As incertezas do mercado e a cautela do investidor têm levado os próprios bancos a adotar um discurso mais conservador para os clientes que estão com planos de ir adiante com seus IPOs. O objetivo é evitar o fracasso de outras operações, como ocorreu com a International Meal Company (IMC), rede de varejo de alimentos que em dezembro não conseguiu demanda para fechar o IPO, mesmo após aceitar a redução na faixa indicativa de preço. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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