Painéis de energia solar: na avaliação da Gavekal Research, retirada de subsídios tira competitividade dessa fonte de geração (Germano Lüders/Exame)
Da Redação
Publicado em 4 de janeiro de 2021 às 15h17.
Última atualização em 6 de janeiro de 2021 às 19h35.
Os seguidos recordes nas bolsas americanas e em ações de empresas de tecnologia acenderam o sinal de alerta de analistas sobre uma possível bolha. Ou seja, os preços das ações teriam se descolado dos fundamentos e correriam o risco de despencar a qualquer momento. Mas a bolha verdadeira não está nesse mercado, e, sim, nos preços de energia renovável alternativa. Essa é a avaliação do mais novo relatório da EXAME Gavekal Research.
"Em circunstâncias normais, essas fontes 'renováveis' [como a eólica e a solar] de energia não seriam competitivas. Para que pudessem competir, foram necessários pesados subsídios", escreve em relatório Charles Gave, presidente do conselho da Gavekal Research, que é uma das mais respeitadas consultorias independentes em macro global e alocação de ativos. Ele aponta para a desativação da energia nuclear e a imposição de impostos a combustíveis fósseis como ações que correram em paralelo.
Segundo o experiente gestor, sem os subsídios, os retornos sobre o capital investido em energias renováveis acabam sendo muito baixos. "Mais cedo ou mais tarde, o dinheiro iria acabar. Então a crise da covid chegou, e os governos adotaram a teoria monetária moderna, também conhecida como emitir dinheiro para financiar gastos", afirmou.
"A ascensão meteórica do setor de energia alternativa coincidiu exatamente com a chegada da teoria monetária moderna", completa Gave, apontando para um gráfico que mostra a rápida escalada do MSCI Global Alternative Energy Index ao longo de 2020. O índice, que reúne empresas que obtêm metade ou mais de suas receitas em fontes alternativas de energia, mais do que dobrou de pontuação em relação ao fundo do poço em março.
Essa equação, no entanto, poderá ter consequências graves para a economia global, na avaliação de Gave. "Temo que a demanda por energia em 2021 será maior que a oferta. Nesse caso, depois de anos em que as usinas de produção ficaram sem investimento, o preço dos antigos combustíveis fósseis irá disparar, talvez atingindo novos picos."
No relatório denominado "A verdadeira bolha", Gave analisa os graves efeitos seguintes a esse evento esperado nas taxas de juro e nos mercados de títulos de longo prazo nos Estados Unidos e na Europa. Leia mais na EXAME Research.