Affonso Ferreira: investidor está otimista com a retomada do mercado e recomenda que os novatos não desistam da bolsa, apesar das perdas deste ano (Germano Lüders/EXAME.com/Exame)
Natália Flach
Publicado em 6 de abril de 2020 às 19h48.
Última atualização em 8 de abril de 2020 às 13h44.
Após a queda de quase 30% do principal índice da bolsa brasileira no primeiro trimestre, as ações de grandes empresas estão sendo negociadas a preços mais baixos. A dúvida é o que comprar. Para o investidor Guilherme Affonso Ferreira, a recomendação para o pequeno investidor é "não inventar". "[Papéis de] Itaú e Lojas Renner estão sendo negociados com desconto. Isso não quer dizer que não vão cair mais, mas daqui a três anos o investidor vai perceber que valeu a pena ter comprado", diz ele em transmissão pela internet promovida pelo BTG Pactual (controlador da EXAME).
O investidor Roberto Lombardi concorda. "Não é necessário procurar barganha." Ele lembra que, na última grande crise, comprou ações da Prumo (na época, LLX) que tinham caído 90%. "No momento da virada, quando ia receber os ganhos, o fundo de private equity que comprou a LLX fez uma oferta pública de aquisição [ações]. Aprendi que é importante ver quem está por trás dos papéis", afirma.
Os dois investidores, portanto, estão otimistas com a retomada de algumas boas ações e recomendam que os investidores novatos não desistam da bolsa, apesar das perdas deste ano. A B3 tem hoje 2,24 milhões de investidores pessoas físicas, patamar mais alto da história.
"Toda crise tem fim, a retomada pode não ser tão rápida, mas vai acontecer. A questão é que a queda é para todos e a retomada é seletiva. Vai acontecer em momentos diferentes para os investidores e pode nem acontecer para alguns", diz Affonso Ferreira.
Por isso, a importância da seletividade. Lombardi afirma que aumentou exposição a commodities - Vale e Usiminas -, shopping, varejo e infraestrutura, "que antes não tinham preços convidativos para entrar", além da própria B3.
Já Affonso Ferreira diz que analisa as ações pelo que vê no dia a dia. "As redes de farmácias e os supermercados estão cheios de gente", comenta. Outro setor que está interessante - mas é menos óbvio - é o de bancos. "As fintechs que assustavam os bancos - como o que aconteceu com a adquirência - devem parar por um tempo. Além disso, há uma retomada da corrida das empresas por crédito, o que deve dar bons retornos aos bancos", diz Ferreira.