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A pedra no sapato de Milei: supervalorização do peso atrapalha cotação do dólar, dizem analistas

Milei enfrenta desafios com a supervalorização do peso argentino, e enfraquecer a moeda se torna essencial para equilibrar a economia, afirma banco britânico

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 24 de setembro de 2025 às 09h52.

A principal dificuldade enfrentada pelo presidente argentino Javier Milei no enfrentamento da crise cambial é a supervalorização do peso. Essa é a avaliação do banco britânico Barclays.

De acordo com a análise da instituição, a taxa de câmbio efetiva real deveria ser até 30% mais baixa para estimular a economia, um diagnóstico compartilhado por empresas como StoneX e a corretora local One618, que estimam que a moeda está sobrevalorizada em torno de 20%.

Segundo a Bloomberg, apesar de analistas estarem evitando dar uma estimativa exata, existe, entre os bancos, um consenso de que a desvalorização da moeda é essencial para restaurar o equilíbrio econômico no país.

Desde o início de seu mandato, Milei defende a ideia de manter uma moeda forte como parte de um plano duplo que inclui a austeridade fiscal, para controlar a inflação e estabilizar a economia.

Embora esse modelo tenha sido eficaz na redução da inflação de mais de 200% para 33,6% atualmente, a persistente valorização do peso tem gerado preocupações em diversos setores.

Analistas apontam que a supervalorização está impactando negativamente a competitividade da economia argentina, refletida em comportamentos como o aumento das compras no exterior e a importação de carne bovina — um dos produtos mais relevantes para as exportações argentinas — devido aos preços mais baixos dos importados.

Uma crise no caminho

A crise econômica, exacerbada por cortes orçamentários e um ambiente de incerteza, continua a pressionar o governo de Milei.

Apesar de um movimento recente das autoridades para permitir uma desvalorização mais rápida do peso, analistas alertam que uma desvalorização mais agressiva é necessária para corrigir a distorção cambial e atender aos compromissos firmados com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

O acordo de US$ 20 bilhões com o FMI exige que a Argentina alcance um superávit anual em conta-corrente de aproximadamente US$ 10 bilhões, o que só seria possível com uma taxa de câmbio entre 1.650 e  1.700 pesos. No fechamento desta terça-feira, 23, um dólar valia 1.367 pesos argentinos.

Em meio à crise, a Argentina recebeu apoio externo significativo.

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, se comprometeu a fornecer "todas as opções para a estabilização" da economia argentina. A promessa gerou um movimento de valorização momentânea do peso, mas também tem o potencial de dificultar a necessária recalibração da moeda.

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