BTG: Entram Smartfit e Mercado Livre, saem Caixa Seguridade e Eneva (Germano Lüders/Exame)
Repórter de finanças
Publicado em 2 de junho de 2025 às 15h49.
Última atualização em 2 de junho de 2025 às 16h45.
É hora de adicionar risco à carteira, na visão do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME).
Após uma temporada de resultados mais forte que o esperado e da queda das taxas de juro de longo prazo no último mês, o banco está reduzindo a exposição a papéis dos setores financeiro e de utilities (energia elétrica e saneamento) e adicionando mais ações de varejo na sua carteira recomendada para junho.
“Provavelmente fomos conservadores demais no mês passado”, reconhece a equipe comandada por Carlos Sequeira.
Entraram no portfólio recomendado pelo banco a SmartFit (SMFT3) – que agrada o banco pelo retorno elevado e à exposição a um mercado com espaço para consolidação – e o Mercado Livre (MELI34).
Com uma relação entre preço e lucro estimada em 50 vezes para este ano e 39 vezes para o próximo, o BTG reconhece que não se trata de uma ação barata.
Mas a entrega compensa: “A empresa tem crescido de forma consistente, apoiada por uma forte operação de e-commerce e perspectivas sólidas no negócio de fintech”, pondera o estrategista.
As ações de varejo foram as que trouxeram as maiores surpresas positivas na temporada de resultados, diz o banco.
Caixa Seguridade (CXSE3) e Eneva (ENEV3), por sua vez, saíram da carteira para dar espaço às duas novas recomendações. Com isso, a exposição do setor financeiro e utilities caiu de 60% para 40%.
Entre as de financials, também houve mudança, com a retirada de Banco do Brasil (BBAS3), que decepcionou, com resultados muito abaixo do esperado no primeiro trimestre. No lugar, entrou o Nubank (ROXO34).
Depois do rali de diversos países no acumulado do ano, o BTG aproveitou para fazer diversas mudanças. A Localiza (RENT3), cujas ações subiram 35% desde o começo de 2025, deram lugar à Rumo (RAIL3), que avançou apenas 6%.
O banco vê uma melhora na dinâmica de preços para os fretes rodoviários e volumes mais fortes, com a safra de milho melhor que o previsto.
A preferência no setor imobiliário também foi alterada. Saiu a Cury (CURY3), bastante focada no Minha Casa, Minha Vida, que avançou 72% no ano, e entrou a Cyrela (CYRE3).
“A Cyrela também vem aumentando sua exposição ao MCMV, que é mais defensivo e hoje aproximadamente 40% de seus lucros vêm daí. Dada sua execução sólida, acreditamos que a Cyrela deve continuar tendo desempenho superior aos pares, apesar de um macro mais desafiador.”
Por fim, embora o BTG tenha decidido manter alguma exposição a commodities – na casa de 10% do portfólio –, as escolhas mudaram. Petrobras (PETR4) deu lugar à Prio (PRIO3), dada a melhor dinâmica de resultados desta última.
“Vemos a Prio como uma das ações de petróleo & gás mais atraentes em nossa cobertura de upstream na América Latina”, afirmam.
Equatorial (EQTL3), Copel (CPLE6), Cosan (CSAN3) e Itaú Unibanco (ITUB4) completam a carteira de dez papéis recomendados.
Apesar do risk on na carteira, o BTG pode ser considerado um ‘otimista cauteloso’ com a bolsa brasileira. No relatório publicado hoje, a equipe de especialistas diz que o Ibovespa ainda está barato, mas agora não tanto.
Nas contas do banco, excluindo Petrobras e Vale, o índice está sendo negociado a um múltiplo de 9,7 vezes P/L (preço por lucro) para os próximos 12 meses, o que é um desvio-padrão abaixo da média histórica de 12 vezes.
Contudo, ajustando pela taxa de juros de longo prazo (atualmente em 7,20%), o prêmio para deter ações está em 3,2%, mesmo nível do mês passado e em linha com a média histórica.
Segundo Sequeira, para o rali continuar seria necessária uma revisão positiva nas previsões de lucro, o que é possível e até provável, dado que a economia está performando melhor que o esperado.
Porém, uma queda mais acentuada nas taxas de longo prazo dependeria de medidas do governo para segurar a trajetória da dívida pública – ou, de que o mercado se torne mais confiante de que o próximo governo vai lidar com a dívida pública.
“A próxima eleição presidencial é em outubro de 2026. Nossa visão é de que é muito cedo para fazer qualquer call nesse sentido”, pondera o analista.
De qualquer forma, ainda que o investidor local esteja mais cético, o fluxo dos estrangeiros em meio à rotação de portfólio para fora dos Estados Unidos segue alimentando as altas da bolsa brasileira.
“Em períodos em que os influxos estrangeiros são intensos, os múltiplos do Ibovespa podem subir e testar níveis acima da média histórica. É bem possível que esse seja o caso agora”, diz o banco.