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A Faria Lima e o novo governo: entre a euforia e a cautela

Evento do banco JP Morgan deve atualizar a visão de investidores sobre as oportunidades com o novo governo e um esperado ciclo de retomada da economia

Imagem de arquivo: Os próximos três dias devem mostrar se o JP Morgan e seus convidados estão vendo o copo meio cheio ou meio vazio para o ciclo 2019-2022 (Dylan Martinez/File Photo/Reuters)

Imagem de arquivo: Os próximos três dias devem mostrar se o JP Morgan e seus convidados estão vendo o copo meio cheio ou meio vazio para o ciclo 2019-2022 (Dylan Martinez/File Photo/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 27 de novembro de 2018 às 06h57.

O banco americano JP Morgan começa nesta terça-feira, em São Paulo, uma conferência sobre investimentos que deve atualizar a visão da Faria Lima e de Wall Street sobre as oportunidades com o novo governo brasileiro e um esperado ciclo de retomada da economia do país.

No campo político, o evento terá palestras de Salim Mattar, fundador da Localiza e novo Secretário de Privatizações, do General Hamilton Mourão, vice-presidente, e de deputados novatos como Luiz Philippe de Orleans e Bragança, Marcel Van Hatten e Kim Kataguiri. Na frente econômica, presidente de empresas como Kroton, Localiza, Renner, Azul, Magazine Luiza, Burger King, além de gestores de fundos e banqueiros de investimentos.

Jamie Dimon, presidente do JP Morgan e uma das vozes mais influentes do mercado americano, deve fechar o primeiro dia, nesta terça-feira. Ele tem sido uma voz de otimismo sobre o potencial dos países emergentes que, no trimestre encerrado em agosto, avançaram 4,1%, a menor taxa desde o início de 2016. “Coloque Turquia e Argentina de lado, onde eu penso que há questões sérias, e o resto dos mercados emergentes está indo muito bem”, disse em setembro em evento do banco na Índia. “Os emergentes não são todos iguais, e até acho que eles não deveriam mais ser chamados de emergentes, para dizer a verdade”.

O fato é que esse grupo de países, no qual o Brasil se inclui, vêm sofrendo com altas dos juros nos Estados Unidos, aumentos das tarifas para exportações e alta do dólar. Ontem, a moeda americana subiu 2,5% frente ao real, chegando ao câmbio de 3,917. Economistas vêm ajustando para baixo as perspectivas de crescimento não só dos emergentes, como de toda a economia global. Entre abril e setembro, por exemplo, a produção industrial global passou de 3,9% para 2,9%.

Ciclos de incerteza tendem a drenar investimentos de países emergentes para as economias mais maduras, um risco para um governo que chega com a estratégia de privatização no radar. “Os riscos vindos do cenário externo preocupam porque o novo governo estreará com uma agenda complicada e será ótimo se for possível tocar a vida sem maiores preocupações em relação ao que ocorre no mundo”, escreveu Celso Toledo, economista da LCA, em coluna publicada ontem por EXAME.

O índice Ibovespa subiu 2% desde a eleição de Bolsonaro. No mesmo período, o índice Dow Jones andou de lado. Estamos relativamente melhores, mas nada que se possa chamar de euforia. Os próximos três dias devem mostrar se o JP Morgan e seus convidados estão vendo o copo meio cheio ou meio vazio para o ciclo 2019-2022.

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