Philip Jefferson, Vice-presidente do Conselho de Governadores do Federal Reserve (Bloomberg/Bloomberg)
Repórter
Publicado em 9 de outubro de 2023 às 16h28.
Última atualização em 10 de outubro de 2023 às 15h19.
A aversão ao risco predominou nos primeiros negócios desta segunda-feira, 9, após a eclosão da guerra entre Hamas e Israel ter alimentado as preocupações sobre uma escalada da guerra no Oriente Médio. Apesar das preocupações, uma onda de otimismo tomou os investidores no período da tarde, com bolsas de valores virando para alta e o dólar para queda. Essa onda tem um nome: Philip Jefferson, vice-presidente do Conselho de Governadores do Federal Reserve (Fed), que alertou nesta tarde para os riscos de uma política monetária excessivamente contracionista.
"Estamos num período delicado de gestão de riscos, em que temos de equilibrar o risco de não termos apertado o suficiente [a política monetária], com o risco de sermos demasiadamente restritivos", afirmou Jefferson em discurso na Conferência da Associação Nacional de Economia Empresarial, em Dallas.
Philip Jefferson é um dos membros votantes do Federal Open Market Committee (Fomc) do Federal Reserve. O colegiado é equivalente ao Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, responsável por definir a taxa básica de juros.
As declarações de Jefferson foram feitas após a disparada do rendimento dos título do Tesouro americano com vencimento em 10 anos, refletindo as expectativas de que a taxa de juro permaneça elevada por um período prolongado nos Estados Unidos. O rendimento, na semana passada, bateu máxima desde 2007, indo a 4,887%.
Qualquer restrição adicional na política monetária, segundo Jefferson, deverá ser avaliada "cuidadosamente" pelos membros do Fed. Pela projeção mediana de diretores do Fed divulgada em setembro, mais uma alta de juros de 0,25 ponto percentual está prevista para até o fim do ano. Investidores, no entanto, tem reduzido significativamente as apostas de essa alta ser concretizada.
Nesta tarde, as curvas de juros americanas precificavam apenas 11% de chance de o Fed subir juro na próxima reunião, em novembro, segundo o monitor de probabilidades do CME Group. Antes das falas de Jefferson, essa probabilidade era de 27%. A chance de mais uma alta até dezembro caiu de 32,4% para 26%.
A expectativa de que o Fed seja mais brando na condução de sua política monetária ajudou a impulsionar os principais índices de Nova York, que tocaram as máximas do dia, após as falas de Jefferson. As declarações também foram sentidas no mercado brasileiro, com alta do Ibovespa e queda do dólar.