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A estratégia do Meli na Argentina: política 'não muda o jogo', diz VP

Mesmo agora, com vitória inesperada do partido do presidente, Meli diz manter sobre o país uma "estratégia de longo prazo"

"A resposta que eu dou seria a mesma se o resultado das eleições tivesse sido diferente. Não muda o jogo", diz Leandro Cuccioli

"A resposta que eu dou seria a mesma se o resultado das eleições tivesse sido diferente. Não muda o jogo", diz Leandro Cuccioli

Publicado em 30 de outubro de 2025 às 06h26.

Última atualização em 30 de outubro de 2025 às 06h36.

A derrota do presidente argentino Javier Milei na província de Buenos Aires, em setembro, levou o mercado a enxergar riscos para as operações do Mercado Livre no país. À época, o BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME) chegou a destacar que a piora no ambiente político poderia frustrar investimentos e comprometer parte do impulso recente da operação no país, que vinha se beneficiando da melhora macroeconômica e do cenário de reformas.

Mas a vitória inesperada do partido A Liberdade Avanza (LLA) nas eleições legislativas, no último domingo, 26, mudou, em partes, essa percepção.

O Itaú BBA listou empresas que podem sair ganhando com essa decisão. Entre elas, o Mercado Livre, que é uma empresa argentina, apesar da maioria de suas receitas serem provenientes do Brasil. No terceiro trimestre de 2025, a desvalorização do peso argentino em relação ao dólar impactou os resultados financeiros da companhia.

Para Leandro Cuccioli, vice-presidente de Estratégia, Desenvolvimento Corporativo e Relações com Investidores do Mercado Livre, os últimos desdobramentos políticos no país "não mudam o jogo".

"A resposta que eu dou seria a mesma se o resultado das eleições tivesse sido diferente. Não muda o jogo. Porque o jogo na América Latina, Brasil, Argentina e México, continua sendo um jogo de muito longo prazo, porque estamos em um estágio bem inicial de desenvolvimento de mercado", disse o executivo em entrevista à EXAME.

"O potencial de crescimento na Argentina é tanto no futuro como no curto prazo, com x ou y no governo, isso não muda o que os argentinos, brasileiros ou mexicanos estão procurando: preço, conveniência e entrega rápida.

O vice-presidente destaca que a operação argentina segue relevante, apesar do recuo da receita total do grupo no país. O país representa atualmente cerca de 19% da receita do Mercado Livre, abaixo dos 23% observados no primeiro semestre do ano, segundo o balanço do 3º trimestre.

Os números também mostram que ritmo de crescimento desacelerou na Argentina, principalmente nos segmentos de lojas físicas e pagamentos via QR Code. Esses dois canais dependem mais diretamente do consumo cotidiano, que foi afetado pela fraqueza da economia argentina no curto prazo, marcada por inflação ainda persistente, perda de poder de compra e menor atividade no varejo.

Como resultado, a margem operacional do Meli recuou em relação a maio, junho e julho, caindo para 9,8%, sob impacto também da expansão do frete grátis no Brasil.

Ainda assim, Cuccioli destaca que não houve impactos estruturais. "A regra mental é: 50% da Meli vem do Brasil, 25% do México e 15% da Argentina. Alguns trimestres sobem ou caem, mas isso não muda no curto prazo", afirmou.

Apesar da queda na receita, ao longo do terceiro trimestre o número de itens vendidos no país cresceu 34% em relação ao ano anterior, ainda que em ritmo bem menor do que nos trimestres anteriores, e o volume bruto de mercadorias (GMV) avançou 44%.

Mercado Pago na Argentina

Um dos principais movimentos do Mercado Livre foi o lançamento do cartão de crédito do Mercado Pago, em agosto. A iniciativa busca ampliar o ecossistema financeiro da companhia em um mercado onde, segundo o VP, 60% da população adulta não tem cartão de crédito, mas outros 60% já utilizam o Mercado Pago como meio de pagamento.

"É cedo para falar em números, mas estamos muito animados. Temos uma base enorme de clientes e experiência prévia no Brasil e no México", disse Cuccioli. "O cartão de crédito é chave para ser o principal parceiro financeiro das pessoas. Isso gera fidelidade e abre espaço para monetizar em outras avenidas".

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