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Investidores ficam de olho na reforma trabalhista no Senado

A intenção do governo é realizar a votação da reforma trabalhista até o início de julho; a oposição quer adiar a votação para o segundo semestre

Ibovespa: índice teve novo avanço puxado pela Vale (Germano Lüdes/Exame)

Ibovespa: índice teve novo avanço puxado pela Vale (Germano Lüdes/Exame)

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Da Redação

Publicado em 20 de junho de 2017 às 08h42.

Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h45.

Senadores dão mais um importante passo para a aprovação da reforma trabalhista nesta terça-feira, com a votação do projeto na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), em um movimento que deve ser acompanhado de perto pelo mercado. As reformas econômicas viraram a única âncora para investidores dispostos a colocar dinheiro no país mesmo em meio à instabilidade política.

Pouco mais de um mês após a revelação da delação de executivos da empresa J&F, o Ibovespa se mantém nos 62.000 pontos, próximo dos 61.800 em que a bolsa fechou no dia após a revelação do acordo. Naquele dia, o pregão foi marcado por circuit breaker — quando as negociações são interrompidas após uma forte baixa.

Um dia depois da votação na CAS, será a vez de Romero Jucá (PMDB) ler seu relatório na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). A previsão é que a passagem pelas comissões se encerre no dia 28, com a votação na CCJ. A partir daí, a reforma estará pronta para análise no Plenário. A intenção do governo é realizar a votação até o início de julho. A oposição quer adiar a votação para o segundo semestre, no retorno das atividades legislativas.

“Se ficar claro que a aprovação da reforma só virá após o recesso isso é um problema. Hoje o mercado teme pelo risco da procrastinação a tal ponto que as reformas se tornem impossíveis”, diz Raphael Figueredo, analista da corretora Clear. Investidores querem uma aprovação rápida da reforma trabalhista para que políticos se voltem para a ainda complicada reforma da Previdência que, na visão de analistas, poderia fazer o Ibovespa recuperar parte dos quase 8% perdidos após a delação da J&F.

O problema é que a aprovação de uma reforma da Previdência depende justamente do fim da crise política. O relator da reforma da Previdência na Câmara, o deputado Arthur Maia (PPS-BA), disse nesta segunda-feira que a proposta dificilmente será votada pelo plenário da Casa antes da apreciação da denúncia que a Procuradoria Geral da República deverá apresentar contra o presidente Michel Temer. O procurador Rodrigo Janot deve acusar Temer formalmente por envolvimento em crimes como corrupção passiva e obstrução à Justiça com base no depoimento dos delatores da J&F. A denúncia tem que ser aceita pela Câmara para que o Supremo Tribunal Federal fique autorizado a julgar Michel Temer.

O governo quer que a votação aconteça o quanto antes, já que está confiante de que tem pelo menos os 172 votos necessários para barrar a abertura da investigação. Com isso fora do caminho, seria possível reiniciar as discussões da reforma da Previdência. Até lá, o marasmo na bolsa e a desconfiança dos investidores deve continuar.

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